SÃO PAULO, SP – A ONU divulgou nesta sexta-feira (22) que mais de 191 mil pessoas morreram desde o início da guerra na Síria, em 2011 -mais que o dobro divulgado há um ano. O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos registrou 191.369 casos documentados de pessoas que morreram na Síria entre março de 2011 e o fim de abril de 2014, mais que o dobro dos 93 mil casos registrados há 12 meses. A Alta Comissária da ONU para os Direitos Humanos, Navi Pillay, considerou “escandaloso que, apesar dos enormes sofrimentos, a difícil situação dos feridos, deslocados, detidos e famílias de pessoas assassinadas ou desaparecidas não gere mais atenção”. O maior número de mortes documentadas pela ONU foi registrado na periferia rural de Damasco (39.393), seguida de Aleppo (31.932), Homs (28.186), Idleb (20.040), Daraa (18.539) e Hama (14.690). Entre os mortos, mais de 85% eram homens. Como em balanços anteriores, a ONU não tem condições de estabelecer uma distinção entre combatentes e não combatentes. De acordo com as Nações Unidas, 8.803 menores de idade morreram na guerra, sendo 2.165 crianças com menos de 10 anos, mas o número real provavelmente é maior, pois na grande maioria dos casos a idade das vítimas não está documentada. Este terceiro balanço do Alto Comissariado foi elaborado com uma lista combinada de 318.910 mortes documentadas e das quais foram identificadas tanto o nome da vítima como o local e a data da morte. As fontes utilizadas foram o governo sírio (até março de 2012), o Observatório Sírio dos Direito Humanos (até abril de 2013), o Centro Sírio para as Estatísticas e a Pesquisa, a Rede Síria dos Direitos Humanos e o Centro de Documentação e Violações. Segundo o relatório, o número provavelmente subestima o número de mortos porque em alguns casos faltavam elementos de verificação e muitas mortes nunca foram documentadas por nenhuma das cinco fontes utilizadas. Em dezembro de 2011, o Alto Comissariado havia registrado mais de 5.000 mortes. Em janeiro de 2013, o balanço já estava em 60.000. ESTADO ISLÂMICO Pelo menos 70 membros da facção radical Estado Islâmico (EI) morreram desde quarta-feira (20) em combates com o Exército sírio na província de Raqqa, anunciou o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH). Os combates aconteciam nos arredores do aeroporto militar de Tabqa, último local controlado pelo regime do presidente Bashar al-Assad na província de Raqqa, que está majoritariamente nas mãos do EI. Os confrontos na região, que começaram em meados de agosto, ficaram mais intensos na terça-feira à noite, após uma ofensiva do EI nos arredores do aeroporto, onde o grupo executou ataques com carros-bomba mas não conseguiu avançar, segundo o OSDH. “Pelo menos 70 combatentes do EI morreram desde a madrugada de quarta-feira em ataques aéreos do exército, vítimas de mísseis do tipo Scud e de explosões de minas”, afirmou à AFP Rami Abdel Rahman, diretor do OSDH. A tentativa de derrubar Assad do poder pela força desencadeou a guerra civil no país. Os combates entre o governo e os insurgentes abrem caminho para que milícias extremistas como o EI ganhem território. Na Síria, o EI controla amplos setores do norte e do leste, incluindo a província de Raqqa. No Iraque, a facção islâmica também controla partes do norte, ameaçando as minorias étnicas do país.