Contrariando os manuais do marketing político segundo o qual o início da campanha na televisão deve privilegiar o enfoque positivo, de apresentação de candidatos e suas famílias, os principais concorrentes ao governo do Estado nas eleições deste ano já começaram a disputa trocando farpas e críticas mútuas no primeiro semana de propaganda. Beto Richa reafirmou as acusações de discriminação contra o Paraná por parte do governo federal, comandado pelo PT da senadora Gleisi Hoffmann, e dizendo ter herdado do candidato do PMDB, senador Roberto Requião, um Estado com o caixa quebrado. Gleisi, por sua vez, atribuiu as queixas do tucano a um subterfúgio para justificar os problemas de gesão de sua administração, e mirou o peemedebista ressaltando a necessidade de deixar para trás as práticas políticas ultrapassadas. Requião fez promessas – como o congelamento das tarifas de água – e questionou o sucessor sobre problemas com o pagamento de fornecedores para dizer que em seu governo, isso nunca aconteceu.

Calendário
A atitude dos candidatos ao Palácio Iguaçu de partir desde o início para uma campanha agressiva é justificada pelo calendário. Por conta da Copa do Mundo no Brasil, a campanha eleitoral deste ano acabou ficando mais curta, já que as atenções da população estavam voltadas, em julho, para os estádios de futebol, e foi preciso esperar passar a ressaca da Copa para efetivamente começar a busca por votos. Na prática, teremos pouco mais de um mês e meio de campanha até o primeiro turno da eleição.

Esta é a sua vida
Os programas de sexta-feira à noite de Richa e Gleisi pareciam combinados entre si. Tanto o tucano quanto a petista usaram o espaço para exibirem suas biografias. O governador lembrou mais uma vez o pai, José Richa, e a campanha das Diretas Já. A petista falou de sua experência como diretora da Itaipu Binacional e ministra chefe da Casa Civil do governo Dilma Rousseff.

Amnésia
O programa de Richa lembrou as eleições do tucano para deputado estadual em 94 e 98, pulando em seguida para sua chegada à prefeitura de Curitiba, em 2004. Esqueceu do terceiro lugar na disputa pelo governo, em 2002, atrás de Requião e Álvaro Dias.

Interiorano
De olho nos votos do interior, Richa descreveu sua administração como municipalista, e destacou o fato de ter visitado todos os 399 municípios paranaenses.

Periferia
Gleisi falou de sua infância na Vila Lindóia, em Curitiba. E repetiu o teatrinho em que simula estar sendo interrompida espontaneamente por populares durante a gravação do programa.

Seproc
Para justificar as dificuldades do Paraná em obter aval para empréstimos, a petista comparou a situação do Estado a de alguém que está com o nome sujo na praça por dívidas não pagas. Se você estiver com problema na praça você não vai conseguir dinheiro emprestado mesmo que o gerente do banco seja seu amigo, alegou.

Defasado
Requião reproduziu uma reportagem de um telejornal de janeiro deste ano sobre o atraso no pagamento de fornecedores do programa Leite das Crianças para questionar o candidato à reeleição. E garantiu que em sua administração, o mesmo leite não faltou um dia sequer.

Conar
Corre no Cogresso projetos que proíbem o uso de crianças em publicidade. Se fizerem o mesmo em relação a propaganda eleitoral, tem candidato que vai ficar sem o que colocar no ar.

Legenda
O pessoal que cuida das legendas dos programas do PMDB precisam tomar mais cuidado. Dia desses, quando um candidato a deputado do partido abordou o afastamento do ex-presidente Fernando Collor, o texto falava em impitimam do senador alagoano.

Desbunde
Nas eleições deste ano, o candidato Cazuza aparece como a voz cristã pelos valores da família. O épico roqueiro dos anos 80, símbolo do desbunde, deve ter se virado no caixão. O mesmo candidato também defende cota de 500 dólares para compras no Paraguai. O que uma coisa tem a ver com a outra, não se sabe.

Arma na mão
A cada três policiais que aparecem na propaganda eleitoral, dois defendem mudanças na Lei do Desarmamento. Um deles, o candidato a deputado federal Tenente Fábio defende porte de arma para cidadão de bem, sem explicar melhor o que é de bem. O outro é o delegado Gastão, licenciado da Polícia Civil para concorrer a uma vaga na Câmara Federal. Gastão tem o mesmo discurso. O bandido consegue uma arma a hora que ele quiser, já o ‘cidadão de bem’ demora meses para conseguir registrar uma arma.