A propaganda eleitoral no Brasil segue o mesmo modelo desde a redemocratização do País e a volta das eleições diretas para presidente, no final dos anos 80 – aquela que consagrou um governador desconhecido – Fernando Collor de Melo – de um pequeno estado do Nordeste como o caçador de marajás, alçando-o ao cargo máximo da República, da qual ele sairia pouco mais de dois anos depois debaixo de um rumoroso processo de impeachment. Duas décadas e meia depois, o marketing político continua tratando os candidatos como sabão em pó, produtos de consumo que parecem tudo, menos pessoas reais. Só que de lá para cá muita coisa mudou, os brasileiros se acostumaram a votar e o eleitor já não se deixa enganar com a facilidade de antes. Mas os políticos e seus marqueteiros continuam agindo como se estivéssemos naquele mundo pré-internet, em que o voto e o exercício da política ainda era um valor recente. Resta saber até quando continuaremos mantendo esse modelo, que só favorece à mistificação, e não tem qualquer credibilidade, colaborando para minar a própria democracia.

Minha voz continua a mesma…
O governador e candidato à reeleição, Beto Richa (PSDB), tem aparecido em sua propaganda com os cabelos com um leve tom grisalho que quem o encontrou pessoalmente antes da campanha não tinha notado. A dúvida é se trata-se de um estratégia para parecer mais maduro, ou se o stress do cargo realmente andou acrescentando fios brancos à cabeleira do tucano.

Esferográfica
O programa de Richa afirma que a caneta do governador pode ser uma arma tanto para barrar projetos quanto para atrair investimentos e melhorar a vida do cidadão. Quem decide nas mãos de quem ela vai ficar é você, avisa.

Não sou mais um
O candidato do PRP ao governo, Ogier Buchi (PRP) diz compreender que o eleitor considera que político é tudo igual, farinha do mesmo saco, mas ressalva: eu não sou mais um. E que para mudar esse jogo, é preciso que o eleitor também mude o seu voto, afinal fazer sempre as mesmas coisas e esperar que elas mudem é tolice.

Estado errado
Geonísio Marinho (PRTB) critica o que chama de Estado paternalista, que mantém 14 milhões de beneficiários de programas sociais como massa de manobra. E cita o uso da seca para benefícios eleitorais, sem explicar no que isso tem a ver com o Paraná.

Plataforma pet
O candidato do deputado estadual Dirceu Ramos (PTN) promete lutar pelos animais abandonados, porque eles não têm ninguém que olhem por eles.

Ordem unida
A candidata a deputada estadual pelo Solidariedade que se identifica como Tenente Coronel Rita Aparecida levou ao programa eleitoral o modus operandi dos quartéis. Fala com um tom de voz tão agressivo que parece estar dando ordens ao eleitor como se ele fosse um praça do Exército.

Hora da bóia
O PMDB aproveitou o espaço dos candidatos a deputado para convidar os eleitores para um almoço no sábado, em um restaurante em Santa Felicidade – tradicional bairro gastronômico de Curitiba. Mas não se anime. O convescote é por adesão.

Meu nome é…
O PSTU tem tão pouco espaço no horário eleitoral de televisão que só dá tempo de apresentar um candidato a deputado por vez.

Mais do mesmo
Rosilene Nascimento (PPS) diz que quer fazer a diferença. Pelo menos na propaganda eleitoral não fez.

Batido
Alguns dos clichês mais usados na propaganda política deste ano: venha com a gente nessa corrente do bem, defesa da família, você me conhece, governar para as pessoas, por mais saúde, educação e segurança.

Altruísmo
Candidato à reeleição, o senador Alvaro Dias (PSDB) exibiu depoimentos de colegas, jornalistas, um cinegrafista e até uma copeira elogiando sua atuação política. Não é porque trabalho com ele, garantiu a última.

Exceção à regra
O tucano também diz que os políticos são passageiros, meros transeuntes. No caso dele, que está disputando o quarto mandato de oito anos e pode somar mais de três décadas no Senado caso reeleito, nem tanto.

Porta de fábrica
Candidato do PRP ao Senado, Mauri Viana diz ver o Paraná como um grande sindicato e o Brasil como nosso patrão. Resta saber se eleito ele vai liderar uma greve.