Considerada por muitos uma instituição anacrônica, a escola ganhou um respiro, uma esperança. Redescoberto em meados do século passado, o labirinto se tornou a mola impulsora da renovação. E em Curitiba, uma casa que fica ao lado do Bosque Gomm, no bairro Batel, tornou-se exemplo da ideia inovadora de que brincar é essencial para aprender. É a Casa Labirinto, que utiliza a simbologia e o poder arquetípico do labirinto para fazer crianças e adultos soltarem a imaginação. Pedagogo e mestre em educação, o sócio-fundador da Casa Labirinto, Luca Rischbieter, conta que a ideia de criar o local surgiu há alguns anos, quando ele e algumas outras pessoas começaram a trabalhar com o símbolo arquetípico. Tudo começou com brincadeiras isoladas com crianças, uma espécie de experimentação. E a ideia — inovadora no Brasil e no Paraná, mas cada vez mais consagrada mundo afora — acabou vingando.

Para se ter uma noção, entre os dias 16 de junho e 1º de agosto, quando a Casa Labirinto fez sua Descolônia de Férias, cerca de 150 crianças passaram pelo local semanalmente. A ideia clássica da pedagogia é que a escola possa oferecer um meio rico e a gente se inscreve nesse movimento, com dois diferenciais: o labirinto, que é uma ferramenta para construção da autoconfiança.


MENOS RITALINA, MAIS ADRENALINA
Inovadora, a Casa não demorou para fazer sucesso entre as famílias curitibanas, um sucesso até mesmo maior que o esperado pelos idealizadores do local. O diagnóstico é de que todos estão em busca de algo novo, capaz de preencher um vazio cada vez maior na educação, que é o da imaginação e do convívio social. A ideia é simples: menos Ritalina, mais adrenalina. O essencial é as crianças serem, simplesmente, crianças. O foco da Casa Labirinto é fazer o que acreditamos muito, que a melhor coisa que uma criança pode fazer é brincar. É isso o que torna as pessoas capazes de se autorregulamentarem, diz Rischbieter. Segundo ele, a Casa farai os mais diversos públicos: desde famílias alternativas até as mais tradicionais do Batel. O sucesso pode ser sentido pelas redes sociais. Lugar único! Um espaço para a criança ser feliz e aprender muito sobre tudo!, escreve Alessandra Zotto. Parabéns as pessoas que trabalham neste lugar. Carinho, atenção e amor ao próximo!, elogia Francesco Grau. Mas apesar do foco nas crianças, há também espaço para os marmanjos se divertirem e se descobrirem na Casa Labirinto. As mães, por exemplo, contam com rodas de conversa materna e oficina de preparação para o parto, aulas de Slingar e Dançar e Baby Yoga.

Enquanto as crianças brincam, os adultos meditam e relaxam.A maioria das vezes as crianças vão embora felizez. A gente ajuda elas a se soltarem, enquanto os adultos que trabalham também soltam a imaginação. E o objetivo é esse: que todos soltem mais a imaginação, não só as crianças, finaliza Luca.


UMA IDEIA QUE GANHA CADA VEZ MAIS ADEPTOS
Aos poucos, a utilização dos labirintos na educação vai se expandindo para além da Casa Labirinto. Diversos Centros Municipais de Educação Infantil (CMEIs) de Curitiba, inclusive, já contam com a ferramenta, que tem percurso único e traz a mensagem de que em seu caminho rumo ao centro você jamais se perderá. O labirinto ajuda muito na autoconfiança e desperta a vontade de ser ativo. Ele é uma ferramenta para criar rituais que ajudam a criança a interagir com outras crianças. Associamos os labirintos à infância, tornando mais lúdicos com tijolos, caixas de papelão, e continuamos criando coisas, explica o pedagogo Luca Rischbieter, um dos educadores inovadores que realiza trabalho voluntário nas creches públicas de Curitiba . Se a gente quer trabalhar fazendo uma coisa legal para a educação, não podemos fechar os olhos para a educação pública, então para nós (da Casa Labirinto) é uma honra. A creche é a instituição mais importante da cidade, não tenho a sombra de dúvida. No Uberaba, o labirinto da CMEI Ioko Margarete Hara traz uma história bastante diferente e bonita. Um homem que trabalhava no local, ajudando as crianças, faleceu um senhor chamado Rubem. No momento da fatalidade, ele ajudava entregando algumas coisas para a creche. Após a tragédia, um labirinto foi criado no local como forma de homenagear Seu Rubem.