Se a história é uma guerra de versões, a campanha presidencial deste ano contrapõe duas visões absolutamente distintas sobre o passado recente e a realidade brasileira. O candidato do PSDB, Aécio Neves, deixa bem claro em sua propaganda a pregação do Estado mínimo que tanto agrada ao grande capital e ao mercado financeiro, dizendo que o governo deve interferir o mínimo, deixando para o setor privado a tarefa de conduzir os rumos da economia do País, com ênfase na chamada meritocracia segundo a qual cabe a cada cidadão com seu próprio esforço, conquistar sua autonomia de vida. Já a campanha de Dilma Rousseff (PT) usa o caso de uma família de pequenos agricultores aquinhoada com benefícios do Estado como crédito para a irrigação de sua lavoura para afirmar que a pobreza não é resultado da falta de esforço, mas da falta de oportunidades, e que cabe ao governo oferecer essas oportunidades. Pelo que depreende das pesquisas, a estratégia da presidente foi a que deu melhor resultado até agora. Se não a fez disparar nas pesquisas, pelo menos estancou a queda que vinha se verificando antes do início da campanha. Já Aécio, parece patinar, à sombra do fantasma de Marina Silva (PSB).

Caso verdade
O programa de Dilma investe pesado em exemplos de brasileiros que ascenderam socialmente nos últimos anos graças a programas governamentais, como o de um negro filho de família pobre que virou médico graças ao ProUni, ou um jovem de 19 anos que já tem um bom emprego em uma grande obra depois de ter feito um curso técnico através do Pronatec.

Invisíveis
Também chama a atenção na propaganda da candidata à reeleição, o quadro em que brasileiros pobres são tratados como invisíveis ao tentarem adquirir uma casa própria, estudar em uma universidade privada ou viajar de avião. Depois de Lula e Dilma não exisem mais pessoas invisíveis no Brasil, afirma a campanha petista.

Esfinge
Uma semana depois de ser alçada à cabeça de chapa da disputa presidencial após a morte de Eduardo Campos, Marina segue como uma esfinge indecifrável. Mas mesmo com um discurso cheio de conceitos abstratos de difícil compreensão, parece continuar capitalizando o sentimento difuso de descontentamento com a polarização PT-PSDB no País. Se e até quando isso vai funcionar, só o futuro dirá.

Horário nobre
A candidato do PSOL, Luciana Genro, parodiou uma música de Belchior para dizer que ainda que não queiram, o novo sempre vem. E que ela não tem espaço na Globo porque mais do que uma emissora, a empresa de comunicação é um grupo de poder que não pode dar espaço para o novo de verdade pelo risco de ver seus interesses contrariados.

Pororoca
A propaganda de Dilma abusa tanto de imagens panorâmicas de grandes paisagens e obras que mais parece o programa Amaral Neto, o repórter, que passava na TV Globo do final dos anos 60 até o início dos anos 80, exaltando os feitos do governo militar que a atual presidente combateu.

Na moda
A campanha da petista também tenta pegar carona na moda dos autoretratos. Convida o eleitor que fez uma Rousselfie com Dilma a mandar sua foto.

7 X 1
Levi Fidelix afirma que perdemos a Copa e estamos quase perdendo a Petrobras também.

Conexão
A internet e a cultura digital definitivamente foram incorporadas à propaganda eleitoral. O PRP pede ao eleitor que acesse o perfil do partido no Facebook, o deputado federal e candidato à reeleição, Zeca Dirceu (PT), faz o mesmo, dizendo que lá estão expostas as obras que ele garantiu. Eymael avisa que estará ao vivo no seu site respondendo perguntas dos internautas depois do horário eleitoral. E a candidata a deputada federal Cristina Félix (PT) recomenda que os telespectadores baixem seu aplicativo para smartphone.

Blá blá blá
Depois de uma semana de ruídos e imagens distorcidas, o PSOL finalmente colocou no ar sua propaganda. Desta vez, um ator mascarado parodiava os candidatos tradicionais, usando os típicos chavões de programas eleitorais do tipo: você me conhece, conhece minha família, vou melhorar tudo, blá blá blá, e direcionando o eleitor para um hot site da campanha do partido.

Tempo
O candidato a deputado federal Agnaldo Júlio (PSB) reclama que tem apenas doze segundos para chegar até você. Doze segundos que para o telespectador, parecem uma eternidade.