No primeiro debate da eleição para a Presidência, nesta terça-feira (26) à noite, os candidatos deixaram de lado qualquer preocupalão com o estilo paz e amor e partiram para o confronto direto, com Dilma Rousseff (PT), Marina Silva (PSB) e Aécio Neves (PSDB) reproduzindo na Band TV o protagonismo apontado pelas pesquisas. Dilma e Aécio trocaram farpas entre si, mas também não pouparam Marina, que em crescimento nas intenções de voto, deixou claro sua estratégia de se colocar como a alternativa à polarização PT-PSDB. Coadjuvantes, os nanicos Pastor Everaldo (PSC), Luciana Genro (PSOL) e Eduardo Jorge (PV) aproveitaram o espaço para atrair os votos do eleitorado com posições mais radicais à direita ou à esquerda.

No primeiro bloco, respondendo à mesma questão envolvendo segurança pública, Marina destacou ser possível pensar o Brasil pra que a gente possa andar pra frente, fazendo um pacto pela vida respeita direitos humanos e ao mesmo tempo combate à criminalidade. Luciana Genro aproveitou para se colocar como a esquerda coerente, expulsa do PT pela turma do José Dirceu, apontando ainda para Aécio e Marina como representantes da velha política. Aécio falou em unificação dos trabalhos da polícia militar e civil e disse que o combate ao tráfico de drogas é responsabilidade do governo federal. Dilma devolveu alegando que segurança é por competência constitucional dos estados, e que isso deveria mudar, com políticas compartilhadas. O candidato do PV, Eduardo Jorge, defendeu a legalização das drogas, apontando que a proibição acaba alimentando a corrupção policial e a criminalidade.

No segundo bloco, Marina questionou as propostas de Dilma após as manifestações de junho, argumentando que elas teriam fracassado. Eu considero que tudo deu certo, respondeu a presidente, alegando que teriam sido aprovada lei destinando 75% dos royalties das reservas de pretroleo do Pré-Sal para a educação, e destacando a contratação de 14 mil médicos pelo programa Mais Médicos. A petista admitiu que a proposta de reforma política não foi aprovada e voltou a defender uma Constituinte exclusiva para isso. Marina rebateu afirmando que um dos problemas do governo do PT era a dificuldade de reconhecer os problemas existentes. Esse Brasil que a presidente Dilma acaba de mostrar quase cinematográfico não existe na vida das pessoas, afirmou. Dilma respondeu alegando que a reforma política não é uma questão de vontade ou de discurso.

Na sequência, Dilma questionou sobre quais as medidas impopulares que ele pretende tomar caso eleito. Quem fala sempre olhando para trás é porque tem receio de debater o presente e pensar o futuro, rebateu o tucano, ressaltando a queda de emprego na indústria e o baixo crescimento econômico no atual governo. O governo do PT surfou e se valeu muito das reformas que foram feitas no governo Fernando Henrique, disse o candidato.

Dilma devolveu acusando o governo do PSDB de ter quebrado o País três vezes. Aécio lembrou que a própria petista escreveu carta a FHC elogiando a estabilidade econômica, e que o partido foi contra a Lei de Responsabilidade Fiscal.

Eduardo Jorge perguntou a Aécio sobre se ele concordava com o fato de 800 mil brasileiras serem enquadradas como criminosas por terem sido obrigadas a interromper a gravidez por um motivo muito grave. Aécio se limitou a repetir que acha que a legislação atual sobre o aborto deve ser mantida.

O tucano então mirou Marina, questionando a coerência de suas alianças partidárias. A candidata do PSB não passou recibo. A nova política é combater a polarização PT-PSDB, reagiu, prometendo tirar do banco de reservas figuras como os senadores Pedro Simon (PMDB/RS) e Eduardo Suplicy (PT/SP).

Questionada por Levi Fidélix (PRTB) sobre sua parceria com banqueiros e empresários, Marina também reagiu afirmando que sua candidatura pretende justamente o problema do Brasil não é a elite, mas a falta de elite e que pessoas honestas e competentes temos em todos os lugares.

Luciana Genro deu o toque de humor no confronto ao confessar estar frustrada porque ninguém quis perguntar nada a ela. E questionou o Pastor Everaldo (PSC) se ele não se sentia responsável pela morte de homossexuais por preconceito. O representante dos evangélicos respondeu afirmando que nunca foi discriminado e nunca discriminou ninguém e que não existe povo mais tolerante do que o cristão verdadeiro.

Petrobras

Jornalistas questionaram Dilma sobre se ela pretende manter a atual política econômica, mesmo com a alta da inflação e o crescimento baixo. A petista defendeu-se ressaltando os efeitos da crise mundial, e lembrando que o País manteve o nível de emprego, sem arrochar salários. O sonho de consumo dos brasileiros é morar na propaganda do PT, respondeu Aécio, ironizando a petista.

Aécio voltou a atacar Dilma, lembrando que ela comandou, como ministra das Minas e Energia do governo Lula, a Petobrás. A petista afirmou que o tucano desconheceria a realidade da empresa, que segundo ela, teria passado de um valor de 15 bilhões no seu governo para 110 bilhões de dólares. Não somos nós que tentamos mudar o nome da Petrobras para Petrobrax porque soa melhor para os ouvidos ingleses, retrucou. 

 

FRASES

Não somos nós que tentamos mudar o nome da Petrobras para Petrobrax porque soa melhor para os ouvidos ingleses.

Dilma Rousseff

 

Esse Brasil que a presidente Dilma acaba de mostrar quase cinematográfico não existe na vida das pessoas.

Marina Silva

 

O governo do PT surfou e se valeu muito das reformas que foram feitas no governo Fernando Henrique.

Aécio Neves