VINICIUS PEREIRA
SÃO PAULO, SP – A queda dos preços das commodities no mercado não será uma tragédia para a agricultura brasileira no ano que vem, mas poderá trazer um prejuízo maior para 2016, afirmou o ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues, nesta quarta-feira (27).
“Há uma expectativa de margem de negociação de preços menor para 2015, sem que isso represente uma tragédia para a agricultura. Por outro lado, a tendência é a redução de inflação para 2016, que vai depender muito do aumento da produtividade e da diminuição dos custos de logística”, afirmou.
Roberto Rodrigues participou do Fórum de Exportação, realizado pela Folha de S.Paulo. O evento é o quarto seminário da série que discute temas do país e ocorre em São Paulo, entre esta quarta-feira (27) e quinta-feira (28).
O ex-ministro do governo Lula disse que os preços dos produtos agrícolas são determinados não só pela oferta e procura, mas também pela especulação acerca dos preços. Para ele, o mercado já sofre com a safra recorde nos EUA, que poderá inundar o comércio do agronegócio mundial.
Rodrigues afirmou também que a variação de preços é algo normal neste mercado. Os preços agrícolas, disse, também são influenciados por fatores praticamente impossíveis de serem controlados, como a seca.
Ele ainda comparou a produção e o mercado de produtos agrícolas com um trem.
Segundo ele, a locomotiva sempre chegará a um ponto antes dos vagões. Por isso, apesar de o preço das commodities estar caindo, os produtos agrícolas para a produção ainda estão chegando ao topo e, por isso, fazem com que o produtor aumente os gastos e tenha uma menor margem de negociação.
PROTAGONISMO
Para o ex-ministro, a queda dos preços terá consequências na balança comercial. “[A queda] trará um menor protagonismo no saldo comercial, mas o câmbio é quem vai determinar o que vai acontecer na renda da agricultura.”
Pela importância do agronegócio na balança comercial brasileira, Rodrigues defendeu regras mais claras para regular o setor.
“Precisamos de regras, sem a intervenção do Estado, mas com uma presença mitigadora dele. Hoje temos que fazer uma série de coisas, mas não podemos fazer nada. Temos que criar políticas públicas para crescer mais que a média mundial.”
FÓRUM
A Folha promove nestas quarta (27) e quinta-feira (28) um fórum sobre exportações para debater os prognósticos da balança comercial do Brasil e a inserção do país no cenário econômico global.
O evento ocorre nos dois dias das 9h às 13h no Tucarena (rua Monte Alegre, 1.204, Perdizes), e as inscrições podem ser feitas gratuitamente pelo telefone 0800-777-0360.
Parte do ciclo de Seminários Folha, as palestras e painéis reunirão especialistas em comércio internacional e abordarão temas como equilíbrio no câmbio, protecionismo, entraves à exportação industrial, desafios logísticos e o papel da China na balança.
A abertura será feita por Henrique Meirelles, ex-presidente do Banco Central e atual presidente do conselho da J&F (holding que controla empresas como JBS).
Participarão também os ex-ministros Roberto Rodrigues (Agricultura), Sérgio Amaral (Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior) e José Botafogo Gonçalves (Indústria, Comércio e Turismo); o presidente do Conselho Superior de Comércio Exterior da Fiesp, Rubens Barbosa, e o presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil, José Augusto de Castro.
Os economistas Gesner Oliveira (FGV), Paulo Feldmann (FEA-USP) e Marcos Troyjo (Universidade Columbia) também falarão no evento, além de André Clark, da Camargo Corrêa; Marcos Jank, da BRF; e Adriano Pires, do Centro Brasileiro de Infraestrutura.
Completam a lista o consultor em comércio e política agrícola Pedro de Camargo Neto e Daniel Furlan do Amaral, da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais. O fórum será apresentado por Raquel Landim, repórter especial da Folha de S.Paulo e colunista do site.