O primeiro debate entre os presidenciáveis, na Band TV, na noite de terça-feira, mostrou mais uma vez o quanto esse tipo de confronto se tornou improdutivo e anacrônico. O excesso de candidatos e o formato engessado impede qualquer discussão mais profunda de ideias e projetos para o País, tornando-se muito mais uma exibição vazia de retórica pilotada por políticos treinados pelo marketing, que só afugenta o eleitor. Sem falar que um programa televisivo que começa tarde da noite e termina depois da uma hora da manhã de um dia útil afasta a maioria dos trabalhadores. É preciso urgentemente repensar os modelos e formatos para esses debates, se quisermos realmente que eles voltem a ter um papel importante no esclarecimento das propostas e comparação entre os que desejam dirigir os rumos do País, do Estado ou de nossas cidades. Essa mudança, porém, passa com certeza por uma reforma política ampla e profunda, que acabe com as legendas de aluguel, os candidatos laranjas, e recupere a representatividade do quadro partidário brasileiro. Do contrário, continuaremos enxugando o gelo e reclamando há cada dois anos desse espetáculo do absurdo em que se transformaram as campanhas políticas no País.

Saúde é o que interessa
Ninguém sabe se o candidato do PMDB, Marcelo Almeida, terá chances reais na eleição para o Senado. Mas pelo menos ele deve sair da campanha com um bom condicionamento físico. Depois de posar de surfista no início da propaganda, ontem o peemedebista apareceu fazendo jogging (corrida). Quem assistiu ficou cansado por ele. Não dá para ficar só em Brasília, tem que correr o Paraná inteiro, explica ele.

The Flash
O prefeito de Curitiba, Gustavo Fruet (PDT), finalmente apareceu no programa da candidata do PT, Gleisi Hoffmann. Mas foi tão rápido que não deu para anotar o que ele disse. Só mesmo vendo o videotape depois.

Maresia
Geonísio Marinho (PRTB) se coloca como um candidato assumidamente de direita. A esquerda dá o peixe, a direita ensina pescar, argumenta ele.

Blábláblá
No deserto de ideias da propaganda política, vez por outra aparece alguém com uma boa sacada. O candidato a deputado estadual Renato Baggio (PPS) percebeu que com o pouco tempo que tinha, não dava para dizer nada além de platitudes. Então assumiu essa condição, usando-a com ironia para se diferenciar. Blábláblá educação, blábláblá saúde, chega de blábláblá, brinca ele.

Credo
Beto Richa (PSDB) se diz o candidato do Paraná que acredita. Ogier Buchi (PRP) pegou carona no mote do tucano: acredito em um estado eficiente, que promete e que cumpre.

Não contavam com minha astúcia
A campanha do governador e candidato à reeleição foi rápida e colocou no ar ontem peça destacando os números do Ibope que lhe dão boa vantagem e até a possibilidade de vitória no primeiro turno. O problema é que logo depois do programa do tucano entrou o do candidato do PMDB, Roberto Requião, que voltou a destacar os números do Datafolha, onde os dois estão tecnicamente empatados.

Sessão da tarde
Requião foi o único a colocar no ar um programa inédito no horário da tarde. Os demais reprisaram os programas exibidos na segunda-feira.

Orçamento
Entre as novidades da propaganda do peemedebista estão um quadro onde uma suposta dona de casa explica que só gasta o que tem e pergunta sobre o atual governo: cadê o dinheiro, estão de pires na mão pedindo dinheiro, agora não adianta chorar. A mesma dona de casa fictícia encerra o programa requianista ironizando o slogan do governador. Agora vem dizer que o paraná acredita depois de quatro anos sem fazer nada vem me dizer para acreditar.

Consulta ao passado
Em seguida, Requião insta os eleitores a consultarem os mais velhos, pais, avós. Perguntem se viram o passado um governo do Paraná atrasar pagamento de fornecedores, recomenda.

Receita
Segundo o peemedebista, para arrumar as contas do Estado não precisa mágica. Basta acordar cedo e trabalhar com disposição.

Na carne
Requião também promete cortar os gastos supérfluos, caso eleito. Incluindo aí os cargos em comissão, diretorias de estatais, entre outros. Os adversários já perguntam se isso incluirá os cargos destinados aos parentes do peemedebista.