O Conselho Universitário (Coun) da Universidade Federal do Paraná (UFPR) se reúne hoje, às 9 horas, para uma das mais importantes decisões de sua história — a adesão ou não do Hospital das Clínicas (HC) e da Maternidade Victor Ferreira do Amaral à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), criada pelo governo federal para gerir os hospitais universitários.
De um lado, o reitor Zaki Akel Sobrinho e a diretoria do HC, que defendem a adesão, vista por ele como a única saída para a crise que o HC vem vivendo nos últimos anos. De outro lado, o Sindicato dos Servidores Técnico-Administrativos  (Sinditest), professores e estudantes, contrários à adesão.
O conflito entre as partes vem desde 2012, quando o Ebserh foi lançado como uma alternativa para a gestão dos hospitais universitários, especialmente como solução na contratação de mão-de-obra. Na época, a UFPR preferiu pela não adesão imediata.
Mas com a situação se agravando, culminando com a decisão da Justiça do Trabalho pela demissão dos servidores contrarados pela Fundação da UFPR (Funpar), a situação ficou insustentável, e o Ebserh voltou à pauta.

Neste ano, o Coun tentou votar a adesão, mas o movimento dos servidores que defendem a não adesão acabou provocando a chamada de um debate. Hoje, porém, o Coun precisa decidir o futuro do HC.
Autonomia — O principal argumento dos críticos do Ebserh é a possibilidade de perda da autonomia da UFPR sobre o HC, especialmente no que diz respeito ao ensino e pesquisa, já que a instituição é um hospital-escola. Já a Reitoria diz que a autonomia estará garantida em contrato, e o que vai ocorrer é uma gestão compartilhada.
A Frente de Luta pelo HC — movimento criado para combater a adesão ao Ebserh, protocolou na semana passada um documento pedindo a suspensão da sessão do Coun, e solicitou que um plebiscito fosse realizado dentro da comunidade universitária para decidir a adesão ou não. Mas não foi acatado.
Hoje, a Frente deve se manifestar durante a sessão do Coun. Para evitar que membros do Conselho sejam impedidos de chegar até a sala de sessões — como ocorreu no primeiro semestre — a UFPR conseguiu, na tarde de ontem, uma liminar que garante aos conselheiros o acesso livre.
A liminar da Justiça Federal stabeleceu multa de R$ 10 mil ao Sinditest por conselheiro que seja impedido de ingressar no local da votação. O juiz também arbitrou R$ 100 mil de multa se a reunião não ocorrer por impedimento do sindicato. Contudo, no despacho a Justiça também deixa claro que é livre o direito de manifestação dos contrários, e que o uso de força policial deve ser comedido.

Principais argumentos sobre o Ebserh

Pró
O HC continuará sendo 100% público e gratuito mesmo com a gestão compartilhada do HC e da Maternidade Victor Ferreira do Amaral, que continuarão atendendo 100% pelo SUS

A adesão ao Ebserh significará a contratação de 2.063 servidores por concurso público que ampliarão o número de leitos de 250 para 670, a retomada de serviços médicos que haviam sido suspensos e o aumento do número de consultas de 3 mil para 8 mil

Contra
A Autonomia Universitária será gravemente ferida, uma vez que a UFPR abrirá mão da gestão do HC, ficando alheia aos processos administrativos e, sobretudo pedagógicos. Também consideram que a Ebserh, apesar de empresa pública, foi criada para privatizar a saúde

Com ou sem a adesão ao Ebserh não haverá disponibilização de mais verbas para o hospital, ou verbas novas, e a situação do quadro de demissões da Funpar continua angustiante e sem resolução até agora