Os deuses da literatura abençoaram Curitiba. Na terra de muito pinhão nasceram nomes como Paulo Leminski, Dalton Trevisan e Helena Kolody, entre tantos outros. Mas se aqui tem muita gente que escreve (e escreve muito bem), por outro lado faltam leitores, o que fica evidente quando comparado o número de livrarias existentes na Capital. Segundo levantamento da Associação Nacional de Livrarias (ANL), a Cidade Modelo é a capital do Sul do Brasil com menor índice de livraria por habitantes, com uma para cada 27.762 curitibanos, bem abaixo do que recomenda a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco): uma livraria para cada 10 mil habitantes.
Segundo a ANL, Curitiba conta com 58 livrarias espalhadas por toda a cidade. Porto Alegre, que possui uma população menor, conta com 89 (uma livraria para cada 14.913 habitantes), e Florianópolis, com menos de um terço da população curitibana, possui 25 (uma livraria para cada 16.043 habitantes). O Rio Grande do Sul, inclusive, conta com sete cidades entre as 10 que possuem maior número de livrarias por habitante. Nenhuma cidade do Paraná aparece na lista.

Embora os números de Curitiba não sejam bons, estão bem acima da média nacional — de uma livraria para cada 65 mil habitantes. Ainda assim, como destaca Ednílson Xavier, presidente da ANL, os dados são preocupantes. O número de livrarias reflete a falta de leitores. Falta hábito de leitura ao brasileiro e ao curitibano. Temos um índice irrisório, não chegamos nem a dois livros lidos por ano, se você considerar a leitura voluntária, diz.

Marcos Pedri, diretor comercial do grupo Livrarias Curitiba, acredita que o baixo número de livrarias na Capital se deva ao fato de que não há, hoje, condições reais para a abertura de lojas que se mantenham saudáveis financeiramente. Por outro lado, aponta que o número de livrarias em todo o país (3.095, segundo a ANL) cresceu nos últimos anos e pode e deve crescer ainda mais. A ONU recomenda uma livraria para cada 10 mil habitantes. Por isso, o mercado ainda tem muito a crescer. Contudo, é importante ficar atento às lojas virtuais, que conseguem oferecer alguns diferenciais como preço e menores custos fixos, afirma. Uma coisa é a pesquisa identificar a necessidade de mais livrarias, outra é de fato ter as condições reais que permitam a abertura de lojas e se mantenham saudáveis financeiramente, complementa.