SÃO PAULO, SP – A Ucrânia afirmou nesta quinta-feira (28) que “forças russas” assumiram o controle da cidade fronteiriça de Novoazovsk, 100 quilômetros ao sul da cidade de Donetsk, principal local controlado pelos separatistas. “Ontem os soldados russos assumiram o controle da cidade de Novoazovsk”, de 11.000 habitantes e a 16 quilômetros da fronteira russa, informou o Conselho Nacional de Segurança e de Defesa ucraniano no Twitter. “Uma contra-ofensiva das tropas russas e dos separatistas continua no sudeste da Ucrânia”, disse o conselho também pelo Twitter. O órgão informou ainda que as forças ucranianas haviam se retirado de Novoazovsk para “salvar suas vidas” e que estavam reforçando as tropas na cidade de Mariupol, segunda principal cidade da região de Donetsk e que tem acesso ao mar. O avanço dos separatistas para o sul, área que praticamente se manteve sob o controle de Kiev desde o início do conflito em abril, abrem um terceiro front entre os ucranianos e os insurgentes, que já lutavam nas regiões de Donetsk e Lugansk. As forças russas e os separatistas também devem lançar também uma contra-ofensiva em Ilovaysk e Shakhtarsk, a leste de Donetsk. Na região, separatistas pró-Rússia tomaram pontos estratégicos nas montanhas de Savur-Mogila, no leste da cidade de Donetsk, disse uma fonte do Exército militar ucraniano à agência de notícias Reuters. Bombardeios nas últimas 24 horas mataram 11 civis em Donetsk, segundo as autoridades locais. “Disparos de artilharia contra bairros de Donetsk mataram 11 civis e deixaram 22 feridos”, afirma um comunicado da prefeitura. PRESENÇA RUSSA O presidente ucraniano, Petro Poroshenko, cancelou nesta quinta-feira sua visita à Turquia devido à “movimentação de tropas russas dentro da Ucrânia”. Poroshenko convocou uma sessão extraordinária do Conselho de Segurança Nacional e Defesa, e antecipou que proporá reuniões urgentes do Conselho de Segurança da ONU e do Conselho da União Europeia. Um líder dos separatistas admitiu na quarta-feira (27) a presença de soldados russos nos combates. Alexander Zakharchenko, líder dos pró-Rússia no leste da Ucrânia, disse que os soldados russos na região deixaram seus postos para lutar ao lado dos separatistas. “Muitos soldados russos se uniram a nós. Eles preferiram não passar as férias na praia, e sim ao lado de seus irmãos lutando pela liberdade”, disse. O embaixador da Ucrânia ante a OSCE acusou nesta quinta-feira a Rússia de invasão direta das tropas russas no leste do país. “A situação se deteriorou de forma significativa, estamos cientes de uma invasão direta das forças militares russas nas regiões do leste da Ucrânia”, disse Ihor Prokopchuk após uma reunião da Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa. A OSCE anunciou uma reunião extraordinária para esta quinta-feira para analisar as “violações russas na Ucrânia”. REAÇÃO O primeiro-ministro da Ucrânia, Arseni Yatseniuk, pediu nesta quinta-feira aos seus colegas ocidentais que convoquem com caráter de urgência ao Conselho de Segurança da ONU diante do que considera uma crescente presença de tropas russas em território do seu país. “É preciso congelar os ativos e os recursos financeiros (de Moscou) até que Rússia tire suas forças armadas e armamento do território da Ucrânia”, reivindicou o chefe do governo ucraniano. O embaixador dos Estados Unidos em Kiev, Geoffrey Pyatt, denunciou nesta quinta a crescente intervenção direta de tropas russas no conflito armado na Ucrânia. Pelo Twitter, Pyatt disse que as armas, tanques e veículos fornecidos pela Rússia não foram o bastante para derrotar as forças ucranianas. Por este motivo um número maior de tropas russas estavam envolvidas nos conflitos dentro do território da Ucrânia. O presidente francês, François Hollande, destacou nesta quinta-feira que a presença de soldados russos em território ucraniano, caso confirmada, seria “intolerável e inaceitável”. Moscou negou em várias ocasiões qualquer participação no conflito entre o governo ucraniano e os insurgentes separatistas do leste da Ucrânia, como acusam Kiev e vários países ocidentais.