SÃO PAULO, SP – A francesa Vivendi informou nesta quinta-feira (28) que vai entrar em negociações exclusivas com a Telefónica para a venda de sua unidade brasileira de banda larga GVT, escolhendo a oferta da espanhola em detrimento da proposta da rival Telecom Italia.
“A oferta da Telefónica se ajusta melhor aos objetivos estratégicos e financeiros do grupo”, disse a companhia em comunicado.
A proposta da Telefónica era válida até esta sexta. Com a decisão da companhia francesa de negociar exclusivamente a venda da GVT com a espanhola, o prazo para considerar a proposta é ampliado em até três meses.
A Telefónica informou mais cedo nesta quinta que elevou uma oferta inicial de 6,7 bilhões de euros pela GVT para € 7,45 bilhões, aumentando a parte a ser paga em dinheiro da oferta feita no início de agosto.
Além da parte em dinheiro, a Telefónica vai dar à Vivendi uma participação de 12% na entidade brasileira combinada, dos quais cerca de um terço pode ser trocado por uma participação de 5,7% na Telecom Italia se Vivendi assim desejar.
Caso a Vivendi decida vender a GVT à Telefónica, a operação ainda terá de ser aprovada pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) e pela Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações).
No entanto, se a Vivendi optar por adquirir participação acionária na Vivo (da Telefónica) e na TIM (da Telecom Italia), a aprovação da compra, pelo Cade, será mais difícil.
Comercialmente, o acordo será positivo à companhia espanhola, que poderá vender pacotes “quatro em um” fora de São Paulo.
Além disso, representará um passo para a saída da Telefónica da Telecom Italia, uma das imposições feitas pelo Cade em 2013. O objetivo seria evitar conflitos de interesse e garantir a concorrência, já que os espanhois controlam a líder Vivo e possuem, indiretamente, uma participação de 10% na TIM.
A GVT, criada há 14 anos oferecendo telefonia fixa e internet ultrarrápida, foi disputada em 2009 entre a Telefónica e a Vivendi. Os franceses adquiriram o controle da empresa por R$ 7,7 bilhões.
Naquele momento, a GVT cobria 84 cidades e detinha 2% das receitas líquidas do setor. Hoje, ela atua em 153 cidades com pacotes de telefonia fixa, internet acima de 15 Mbps e TV e conta com 1,5 milhão de clientes.
RIVAL
Com a decisão, a Vivendi rejeita a proposta da Telecom Italia, que havia oferecido € 7 bilhões (R$ 21 bilhões) distribuídos em dinheiro e ações para comprar a GVT.
O lance da italiana previa que a Vivendi ficasse com 15% da TIM após a fusão com a GVT (a Telecom Italia manteria uma fatia de cerca de 60%), além de 20% das ações ordinárias, que dão direito a voto, da Telecom Italia.
A proposta envolveria o pagamento de 24% do valor em dinheiro e o restante (76%) em ações.
Caso a proposta fosse aceita e a Vivendi se tornasse acionista da Telecom Italia, a companhia ainda permitiria que a francesa indicasse dois integrantes para expandir os conselhos de administração da TIM e do grupo italiano.
TIM
A venda da GVT não é o único acerto que irá modificar o mercado de telecomunicações no Brasil.
Nesta quinta, o banco BTG Pactual deu o primeiro passo para comprar a TIM e fatiá-la entre suas três concorrentes: Vivo, Claro e Oi.
A instituição financeira prepara uma oferta para comprar a participação de 67% da Telecom Italia na segunda maior operadora do Brasil. O valor dos papeis da italiana na companhia têm valor de mercado equivalente a R$ 18,5 bilhões.