ESTELITA HASS CARAZZAI
CURITIBA, PR – O primeiro debate entre os candidatos ao governo do Paraná, transmitido entre a noite de quinta (28) e a madrugada desta sexta-feira (29) pela TV Bandeirantes, foi recheado de acusações pessoais e direitos de resposta.
Em pouco mais de duas horas, foram quatro direitos de resposta concedidos –um deles, inclusive, direito de resposta ao direito de resposta. As acusações variavam de suspeitas de crimes, assessores com processos na Justiça, uso de laranjas em outras candidaturas, aposentadoria ou benefícios duvidosos, estelionato eleitoral e até de serem mentirosos ou preguiçosos.
O atual governador Beto Richa (PSDB) lidera a disputa, em empate técnico no último Datafolha com o senador e Roberto Requião (PMDB). A ex-ministra Gleisi Hoffmann (PT) aparece em terceiro.
Num quadro acirrado, os políticos avançaram contra seus adversários. No total, oito candidatos participaram do debate. Além dos três, estiveram no programa Bernardo Pilotto (PSOL), Rodrigo Tomazini (PSTU), Ogier Buchi (PRP), Túlio Bandeira (PTC) e Geonísio Marinho (PRTB).
Richa e Requião, não por acaso, foram os que mais trocaram farpas, numa constante comparação entre a gestão do tucano, marcada por dificuldades financeiras e promessas não realizadas, e a do peemedebista, acusado de ser inflexível e ter afastado investimentos do Paraná.
O atual governador foi chamado de “menino bronzeado” por Requião, acusado de acordar tarde e trabalhar pouco, e rotulado como incompetente devido à crise financeira que o deixou com dívidas de até R$ 1 bilhão com fornecedores.
Richa se defendia exibindo números de sua gestão, como os de atração de indústrias, investimentos em educação e geração de empregos. Conhecido por sua contundência e oratória, Requião foi menos mordaz do que o usual. Pareceu fora de forma, extrapolando o tempo em algumas oportunidades.
Ele foi questionado sobre sua aposentadoria de ex-governador, que recebe desde 2011, e os cavalos próprios que mantinha com estrutura da PM, conforme investigação o Ministério Público revelada pela Folha.
O peemedebista respondeu dizendo que precisa do benefício para pagar condenações de dano moral por ter “denunciado bandidos”, e defendeu que seu governo fez um “diálogo com princípios” e reduziu a dívida pública. Afirmou que irá restabelecer a gestão do Estado e congelar a tarifa de água.
CANDIDATA PETISTA
Gleisi, por sua vez, foi inquirida sobre seu antigo assessor na Casa Civil Eduardo Gaievski, que foi preso e responde a acusação de estupro de menores no Paraná. A verba rescisória que recebeu ao sair de uma diretoria da Itaipu também foi mencionada.
A ex-ministra disse que tem compromisso com a defesa dos direitos das mulheres e meninas, e que melhorará a investigação de crimes como esses no Paraná. Prometeu investir em educação e disse que criará o Pronatec Campo, programa técnico para a qualificação de trabalhadores no meio rural.
Houve também um episódio inusitado: o candidato do PSOL pareceu fingir dormir ao ser apresentado, no início do debate. Depois, disse em redes sociais que estava “rezando para ter paciência para aguentar o Beto, a Gleisi e o Requião”.
O próximo debate televisivo entre os candidatos do Paraná será no dia 26 de setembro, na RIC TV, afiliada da Record.