MARIANA BARBOSA, PEDRO SOARES E LUCAS VETTORAZZO
SÃO PAULO, SP, E RIO DE JANEIRO, RJ – O ministro da Fazenda, Guido Mantega, culpou o cenário internacional fraco, a seca e a Copa pelo resultado negativo da economia brasileira no segundo trimestre.
O PIB (Produto Interno Bruto) do país caiu 0,6% no segundo trimestre na comparação com os três primeiros meses deste ano. Em valor, o PIB do país somou R$ 1,271 trilhão.
Em relação ao segundo trimestre de 2013, a economia do país encolheu em 0,9%. Os dados foram divulgados pelo IBGE nesta sexta-feira (29).
Um dia depois do governo divulgar previsão de alta de 3% para 2015, o ministro afirmou que o resultado do segundo trimestre ficou “ficou aquém das nossas expectativas” e que a previsão de crescimento de 1,8% para este ano terá de ser revista.
Segundo ele, a revisão do número sera apresentada em setembro ao Congresso. Economistas esperam crescimento fraco para este ano. O último boletim Focus, do Banco Central, mostra previsão de alta de apenas 0,7%.
O ministro afirmou que vai ser preciso analisar não apenas o passado, mas também a perspectiva para o segundo semestre. Ele lembrou que, em doze meses, o crescimento anualizado do PIB é de 1,4%.
A Argentina também foi citada como uma das causas do fraco desempenho no trimestre. “Exportamos menos carros para a Argentina e essa é uma das causas de estarmos crescendo menos.”
Apesar disso, ele disse que uma eventual ajuda do governo brasileiro para o país vizinho “não está na pauta”. “A Argentina é nosso parceiro e nos reunimos com frequência”, disse Mantega sobre o encontro com seu par argentino Axel Kicillof.
RETRAÇÃO
Para Silvia Matos, economista da FGV, a retração do PIB no segundo trimestre já era esperada. O efeito da Copa do Mundo, segundo ela, foi mais sentido em junho, no início da competição. Isso porque houve um acumulo maior de feriados excepcionais nas cidades-sede e dias de dispensa antecipada de trabalhadores.
Com menos pessoas a produzir, a economia encolheu. “Uma estagnação ou uma pequena queda já era esperada, mas a Copa ajudou o resultado a ser um pouco pior.”
Como o resultado do PIB do primeiro trimestre foi revisado para queda de 0,2% (contra alta de 0,2% informado anteriormente), segundo parte dos economistas, o país entrou em recessão técnica.
O termo, entretanto, é controverso. Alguns especialistas questionam a abordagem tradicional de considerar que a queda do PIB por dois trimestres seguidos configura recessão técnica. Eles argumentam que os dois recuos são pequenos e o desemprego no país é baixo.
É a primeira recessão técnica desde o fim de 2008, quando houve recuo de 3,9% no último trimestre daquele ano e de 1,6% no trimestre seguinte.