MANAUS, AM – Ataques ao atual governador do Amazonas, José Melo (Pros), e ao senador Eduardo Braga (PMDB), que lidera as pesquisas de intenção de voto, além de críticas à falta de infraestrutura regional, marcaram o primeiro debate entre os candidatos ao governo do Estado, na noite desta quinta-feira (29), realizado pela TV Bandeirantes.
O senador lidera a última pesquisa Ibope, divulgada em 12 de agosto, com 52% das intenções de voto. Melo, atual governador, foi o segundo colocado na pesquisa, com 24%. Chico Preto (PMN) e Marcelo Ramos (PSB), que também participaram do debate, somaram 3% cada um. Abel Alves (PSOL), o quinto participante do debate, somou 1%.
As principais críticas vieram de Ramos, que insistiu na falta de renovação da política amazonense.
“Nos últimos 32 anos, o grupo que governa o Amazonas não cumpriu sua missão, apenas concentrou renda e constituiu fortunas. Mas não mudou sua vida. E esse grupo tem dois representantes aqui, que simulam uma briga e dividem o povo”, disse Ramos.
Ele se referia a Melo e Braga, que faziam parte do mesmo grupo político. Braga governou o Estado de 2003 a 2010, quando deixou o cargo para concorrer ao Senado.
Seu vice, Omar Aziz, herdou o cargo e venceu a eleição de 2010. Aziz governou até abril de 2014, quando deixou o cargo para disputar o Senado, e Melo, desde então, assumiu a cadeira, e agora tenta se reeleger.
Melo, por sua vez, também atacou Braga. O atual governador perguntou a Chico Preto o que ele construiria: uma escola ou um monumento que homenageia uma ponte? Trata-se de uma referência aos R$ 5,5 milhões gastos por Braga na construção de um monumento comemorativo a uma ponte erguida na cidade, que custou R$ 1 bilhão.
“O atual governo, em apenas quatro anos e meio, teve mais de R$ 20 bilhões de receita, muito mais do que eu em sete anos e três meses de governo. Não faltou dinheiro nem tempo para realizar as obras”, rebateu Braga. O governador respondeu enumerando obras e projetos inacabados concluídos na atual gestão.
Ramos rebateu Braga quando este criticou a falta de segurança pública da atual gestão. “Me surpreendo quando você diz ‘eles’. ‘Eles quem? O certo é vocês.
Omar era seu vice, o Melo foi seu secretário, são candidatos que tu apoiaste, foste tu que ajudaste a eleger esse governo”, declarou o candidato do PSB.
“Você é corresponsável pelo governo, pelos erros e acertos dele. Você pode até criticá-los, mas tinha que fazê-lo ajoelhado no milho”, afirmou.
O governador também adiantou que, se eleito, dará fim ao projeto do monotrilho, que estava previsto para a Copa do Mundo, mas foi adiado.
Antes do Mundial, o governo dizia que retomaria a obra. A Zona Franca de Manaus, renovada recentemente por mais 50 anos, também foi assunto recorrente no encontro, sobretudo em relação à falta de alternativas econômicas do Estado, que depende da indústria para sobreviver.
Abel Alves, do PSOL, insistiu na questão portuária, destacando a ausência de portos modernos em Manaus e no Estado em geral. Chico Preto criticou as constantes quedas de energia elétrica em Manaus, a qualidade do serviço de internet oferecido pelas empresas de telefonia no Estado e os baixos índices sociais.
“Dois candidatos aqui [Braga e Melo] já tiveram oportunidade de resolver essas questões. O governo é como uma balsa, carregada, pesada e que gasta mal”, disse Preto.