JOÃO PEDRO PITOMBO SALVADOR, BA – A presidente Dilma Rousseff criticou nesta sexta-feira (29) a ausência de prioridade à exploração do petróleo do pré-sal no programa de governo da presidenciável Marina Silva (PSB). Divulgado nesta sexta, o programa de Marina fala em “realinhamento” da política energética para priorizar “fontes renováveis e sustentáveis”, e praticamente não faz menção ao pré-sal. Questionada sobre o tema em Salvador, Dilma disse que reduzir o papel do pré-sal na política energética representa um “retrocesso” e uma “visão obscurantista”. “Eu acho que quem acha que o pré sal tem que ser reduzido não tem uma verdadeira visão do brasil. É um retrocesso e uma visão obscurantista. O pré-sal é uma grande descoberta do Brasil”, afirmou. Dilma também sugeriu desconhecimento de Marina sobre o assunto. “Não sei se é um desconhecimento da candidata supor que haja, entre as várias fontes alternativas, alguma para substituir o petróleo na matriz de combustíveis”, disse. “Nem o etanol, nem biodiesel substituem o petróleo. Eles complementam.” O programa do PSB diz que o “mesmo considerando os maiores esforços para redução do consumo de combustíveis fósseis o petróleo e seus derivados continuarão a ser fonte importante na matriz energética brasileira, dado que não há tecnologia para sua substituição a curto prazo”. A presidente citou ainda que não vê porque não explorar o petróleo “a não ser que gente tenha uma posição fundamentalista a priori”. “O país provou que a gente pode respeitar o meio ambiente e crescer.” OLODUM No final da tarde a presidente foi ao Pelourinho, onde gravou imagens para o programa eleitoral e participou de um ato de comemoração dos 35 anos do bloco afro Olodum. Em discurso para uma plateia de artistas e representantes do movimento negro, a presidente defendeu a criação e manutenção da Secretaria Especial da Igualdade Racial, com status de ministério. Críticas ao número de ministérios na gestão do PT são comuns entre setores de oposição. “Tem gente hoje que quer acabar com o status do ministério. Achamos que é uma falta de consciência da importância desse ministério como afirmação da presença [de negros] dentro do governo”, disse a presidente. Dilma defendeu a importância da pasta ao citar casos recentes de racismo no futebol, como o desta quinta (28) em Porto Alegre na partida entre Grêmio e Santos, quando o goleiro santista Aranha foi alvo de atos racistas.