GUSTAVO URIBE, ENVIADO ESPECIAL
JALES, SP – No dia seguinte à divulgação de pesquisa eleitoral que mostrou empate técnico na disputa presidencial, a presidente Dilma Rousseff criticou neste sábado (30) o discurso e as propostas de sua principal adversária na disputa presidencial, Marina Silva (PSB).
Sem citar o nome de sua oponente, a petista ressaltou que a visão de se governar com “poucos e bons” é “atrasada” e ressaltou que quem não administra com partidos “está flertando com o autoritarismo”.
Em discurso a prefeitos do interior paulista, no encontro estadual do PMDB, a petista afirmou que há nas eleições presidenciais deste ano desinformação deliberada, dados errados e “gente dizendo que é uma coisa, mas que é outra”.
“Sabe o que acontece com essas ideias aventureiras, obscurantistas e atrasadas? Elas fazem parte de uma proposta aparentemente avançada, demagógica e não sei a que interesse servem”, afirmou.
A presidente criticou propostas presentes no programa de governo de Marina Silva, divulgado nesta sexta-feira (29), sobre a exploração do pré-sal e financiamento dos bancos públicos.
De acordo com ela, o programa de governo da adversária propõe reduzir a importância do pré-sal. Ela afirmou ainda que a ideia de aumentar os subsídios às instituições financeiras públicas podem afetar os investimentos do atual governo federal.
“Agora, vem um programa de governo de um dos candidatos que propõe acabar com a Petrobras, reduzir o papel da Petrobras e tirar da mão dos brasileiros essa possibilidade de transformar petróleo em educação”, criticou.
No mesmo evento, o vice-presidente, Michel Temer (PMDB), também criticou o discurso de Marina Silva e defendeu que a partir de agora a discussão eleitoral foque mais no campo da política.
De acordo com ele, o discurso da candidata de que governará com as melhores pessoas não dá o crédito devido às instituições. Na semana passada, Marina Silva afirmou que deseja ter em um eventual governo a colaboração dos ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso e Lula.
“Eu tenho muita preocupação com aqueles que não querem preservar as instituições”, disse. “Há pessoas que dizem que vão governar com pessoas, com desprezo às instituições”, acrescentou.
O líder do PMDB defendeu ainda que não se pode abalar as instituições, que merecem o crédito da sociedade. Ele afirmou ainda que a candidata precisa explicar melhor o que é a “nova política”, conceito defendido pela candidatura do PSB.
“Ela diz que vai governar com pessoas. Eu não entendi muito bem o que é governar com pessoas. É preciso esclarecer melhor o que é nova política. Isso ainda não está claro”, disse.
O vice-presidente ressaltou que, a pouco mais de um mês das eleições presidenciais, é necessário que o governo federal inicie uma discussão focada no campo político, e não apenas nas realizações dos últimos anos.
“Eu acho que nós temos de falar muito de política, porque o governo tem falado muito daquilo que fez”, disse. “Agora, a questão ficou mais política”, acrescentou.
O evento ocorreu no dia seguinte à divulgação da última edição da pesquisa Datafolha, que mostrou um empate no primeiro turno entre Dilma e Marina. No segundo turno, a petista apareceu dez pontos percentuais atrás de sua principal adversária.
O vice-presidente afirmou que o resultado da pesquisa não o surpreendeu e não preocupa a campanha à reeleição da presidente.
“Há um mês, a candidatura do Aécio Neves empatava tecnicamente com a de Dilma Rousseff no segundo turno. E aconteceu o que aconteceu. A mim não surpreendeu”, disse.