SÃO PAULO, SP – O presidente da Rússia, Vladimir Putin, voltou a pedir neste domingo (31) que o governo da Ucrânia negocie sobre o modelo de Estado do país, como uma solução pra o conflito entre as tropas de Kiev e os separatistas do leste do país.
A maior autonomia para as regiões é vista pela Rússia como uma forma de garantir os direitos da maioria russa na região e defendida pelos separatistas, mas foi recusada diversas vezes pelas autoridades ucranianas.
Em discurso na televisão pública, Putin defendeu o início de negociações substanciais sobre o assunto para garantir liberdade para que as regiões possam gerenciar seus orçamentos e manter sua cultura.
“Se alguém pensa que os rebeldes não vão reagir e só vão esperar as prometidas negociações enquanto se dispara contra cidades e povos do sudeste da Ucrânia, é refém de algum tipo de ilusão”, disse o líder russo.
Para ele, o debate sobre a mudança é prejudicado pela campanha eleitoral. “Os candidatos querem mostrar que são durões. Nessas circunstâncias, é difícil esperar que alguém se pronuncie pela paz e não por uma solução militar ao problema”.
A frase de Putin, porém, não deve reverberar na Ucrânia. Em diversas ocasiões, o presidente Petro Poroshenko defendeu a manutenção do atual padrão territorial, em que o governo central nomeia os governadores das regiões.
Poroshenko ainda negou a inclusão do russo entre as línguas oficiais do país, assim como a permissão para que as escolas públicas ensinem o idioma. Por outro lado, prometeu garantir a preservação da cultura no leste do país.
CONFLITO
Segundo a ONU, o conflito entre o Exército ucraniano e os separatistas pró-Russia deixou 2.593 mortos desde abril, quando começou o levante nas regiões de Donetsk e Lugansk, principal área dos aliados do presidente deposto Viktor Yanukovich.
Desde então, a Ucrânia acusa a Rússia de interferir no conflito com o envio de tropas e recursos para os insurgentes. Aliados de Kiev, Estados Unidos e União Europeia lançaram uma série de sanções contra Moscou para impedir a ação russa.
Na semana passada, a Otan afirmou que dezenas de tanques e cerca de mil soldados russos estão ajudando os separatistas a tomar Novoazovsk, na região de Donetsk. A Rússia nega qualquer interferência econômica e militar no conflito.
No sábado (30), a União Europeia exigiu que os russos retirassem os soldados, sob a ameaça de aplicar mais sanções à economia russa. O governo americano também planeja novas punições.
Durante a madrugada, Rússia e Ucrânia trocaram combatentes presos devido ao conflito. Enquanto Kiev liberou dez soldados russos acusados de cruzar a fronteira ilegalmente, Moscou entregou ao vizinho 63 militares ucranianos.