SÃO PAULO, SP – O Estado Islâmico (EI) realiza “uma campanha sistemática de limpeza étnica” no norte do Iraque, com execuções em massa, denuncia a Anistia Internacional em relatório. Citando testemunhos de sobreviventes, a Anistia acusa os extremistas de cometerem “crimes de guerra, sobretudo, execuções sumárias em massa e sequestros”, visando “sistematicamente” às minorias do norte iraquiano. Segundo a organização, os principais alvos têm sido os cristãos, turcomanos xiitas e os yazidis. Também presente na Síria, o EI lançou em 9 de junho uma ampla ofensiva no Iraque, conseguindo assumir o controle de vastas faixas do território. Em 25 de agosto, a alta comissária da ONU de Direitos Humanos, Navi Pillay, já havia acusado os radicais de fazer uma “limpeza étnica e religiosa” no norte do Iraque. No relatório intitulado “Limpeza étnica de proporções históricas”, a Anistia diz ter “provas” de que chacinas aconteceram em agosto na região de Sinjar, onde viviam muitos yazidis, uma minoria curda não muçulmana. Segundo testemunhas, dezenas de homens e de jovens foram amontoados em picapes e, depois, executados fora dos povoados. O EI “transformou as zonas rurais de Sinjar em campos da morte […] dentro de sua campanha brutal para apagar qualquer traço de não-árabes e muçulmanos não sunitas”, denunciou a Anistia. Segundo a ONG, dois dos ataques mais letais foram em 3 e 5 de agosto nas cidades de Qiniyeh e Kocho, nos quais houve centenas de vítimas. Salem, um dos sobreviventes, contou que ficou escondido por 12 dias até poder fugir. Já Said disse ter sido atingido por cinco balas, por pouco não escapando da morte. Ele perdeu sete irmãos. “Centenas, talvez milhares” de mulheres e crianças da minoria yazidi também foram sequestradas pelo EI, advertiu a Anistia, acrescentando que “milhares” de pessoas fugiram, aterrorizadas. ONU INVESTIGA O Conselho de Direitos Humanos da ONU condenou nesta segunda-feira (1º) violações cometidas por forças do Estado Islâmico no Iraque, que podem ser classificados como crimes de guerra, e concordou em mandar uma missão para investigá-los. O conselho adotou uma resolução apresentada por França e Iraque sem votação, mas a delegação da África do Sul disse que se desassociou do texto por falta de equilíbrio. “Nós estamos enfrentando um monstro terrorista”, disse o ministro de direitos humanos do Iraque, Mohammed Shia’ Al Sudani, numa sessão de emergência em Genebra. “As ações do EI ameaçam não apenas o Iraque, mas toda a região e o mundo”, acrescentou.