MÁRCIO FALCÃO SÃO PAULO, SP – Sem responder se o apoio de sua campanha à criminalização da homofobia, anunciado nesta segunda-feira (1º), foi motivado pelo embate com a presidenciável Marina Silva (PSB), a presidente Dilma Rousseff (PT), candidata à reeleição, afirmou nesta terça-feira (2) que a questão “não está relacionada à crença religiosa ou a opção partidária”.

Dilma participou de uma carreata em São Bernardo do Campo (Grande SP) ao lado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na segunda-feira, após participar do debate promovido por Folha, UOL, SBT e Jovem Pan, a petista deu uma declaração defendendo a criminalização da homofobia no Brasil, tema polêmico entre os eleitores e lideranças evangélicas.

A presidente afirmou que acredita que este tema é uma questão de Estado e que sempre foi contraria à homofobia. “Não há porque o Brasil não ter. Não tem nada a ver com a questão religiosa, relativa ao Estado brasileiro interferindo onde não pode. É reprimir, criminalizar qualquer ato que não seja civilizado”, disse. E completou: “Não está relacionada a crença religiosa ou à opção partidária. É uma questão que eu acredito que seja do Estado. Não é uma questão de governo. Não se pode construir uma das maiores democracias do mundo sem respeitar duas coisa: direitos humanos e civis”, afirmou.

Dilma afirmou ainda que será preciso discutir como será essa criminalização, assim como ocorre na elaboração de qualquer lei. “Acredito que o compromisso com qualquer forma de violência, e no caso a criminalização da homofobia é fundamental, tem que discutir como é o processo de elaboração da lei”, completou.

A presidente aproveitou para alfinetar o discurso de Marina de nova política. “Como não existe no mudo democracia sem partido político, não entendo essa que é outra demonização”, afirmou. A candidata à reeleição assinou apoio ao plebiscito para a reforma política. Ela disse que vai receber no dia 7 de setembro entidades que defendem a consulta popular.

“PÓ”

A presidente também voltou a atacar as propostas de Marina para a economia. Ela disse não acreditar que alguém possa defender o fim do BNDES. “Fiquei muito preocupada com o programa da candidata Marina, porque ela reduz a pó a política industrial. Primeiro, tira o poder dos bancos público de participar do financiamento da indústria e da agricultura”, alfinetou.

“A candidata é contra política de conteúdo local tanto para a indústria automobilística como para a indústria do petróleo”, provocou. “Fico preocupada quando querem acabar com o papel do BNDES. Sabe por que indústria e a agricultura procuram o BNDES? Porque o BNDES oferece prazo mais longos e juros mais baixos e uma política industrial específica de apoio a aqueles setores que são importantes para a economia brasileira porque geram emprego”, afirmou Dilma.

Pesquisa Datafolha divulgada na última sexta-feira (29) apontou que Dilma e Marina estão empatadas, com 34% das intenções de voto, cada uma. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, também criticou, em declarações feitas nesta terça-feira, o programa econômico e Marina Silva, que considerou temerário por conter “instrumentos que podem reduzir a atividade econômica”.