Robinho fica quatro meses sem jogar, é renegado na Itália e negociado. Volta ao Brasil, faz três jogos, se machuca, faz mais um jogo e então é convocado para a seleção brasileira. Este é o critério do técnico Dunga para convocar Robinho.
O goleiro Jefferson não passa uma boa fase no Botafogo. Rafael do Napoli da Itália acaba de assumir o gol titular depois de uma temporada na reserva, jogou três jogos para a convocação, isso sem contar outros que foram chamados para o primeiro teste vestindo a camisa amarelinha.
No Brasileirão vejo goleiros jogando bem mais. Se anotar defesas por jogo, pênaltis, fazer um scout sério e chegaremos a goleiros como Victor, do Atlético Mineiro, Fábio do Cruzeiro, Cássio do Corinthians (goleiro menos vazado do Brasileirão) e Weverton do Atlético Paranaense. Goleiros que, desde o começo na temporada, tem mais resultados positivos para justificar uma convocação.
Estou fazendo uma análise em cima de resultados concretos. E mais que isso, fica a pergunta: Quais são os critérios, se o goleiro Rafael nem jogava para ser avaliado? O mesmo pode se falar de Marquinhos, do PSG da França e os novatos do FC Porto de Portugal, que começaram a temporada agora. Então, seria hora de aproveitar o máximo de brasileiros que atuam aqui mesmo no Brasil para testar, pois eles estão na décima nona rodada do Campeonato, depois de jogar estaduais, Copa do Brasil e Libertadores, enquanto os europeus ficaram de férias na Copa e começaram semana passada uma nova temporada.

Com tantos jogadores dando mais resultados em seus clubes aqui mesmo no Brasil, os que já serviram a seleção e jogam na Espanha, Alemanha e Inglaterra, montar uma seleção e já começar a testar jogadores é até fácil, pois a Copa América e as Eliminatórias para a Copa são logo ali. Não dá para testar muitas apostas pessoais. Dá a impressão de prevalecer o aqui mando eu. E será que este eu é realmente o Dunga?
Não precisa inventar a roda, mas fazê-la rodar de forma rápida e eficaz. É momento de deixar de lado os fatores pessoais que sempre atrapalharam a seleção. Ao que parece, estar no comando de uma seleção brasileira faz subir à cabeça um poder de decisão que infla e atrapalha o andar dessa carruagem, do futebol inventado pelos ingleses em 1863 e que pouco evoluiu de lá para cá, além dos lindos uniformes, bolas e as luzes dos belos estádios.
Os profissionais que fazem o trabalho de técnico precisam dividir as decisões de escalar jogadores, utilizando planilhas, softwares, auxiliares, fazendo avaliação de resultados, para que o peso dos resultados não caiam somente sobre seus ombros, afinal depois de meia dúzia de derrotas o técnico é o primeiro que cai. Se você colocar cada chute, cruzamento, gols, faltas, defesas, posse de bola, tudo em uma planilha jogo a jogo, uma convocação seria bem mais fácil. Depois, o mesmo com os resultados obtidos coletivamente. No vôlei isto já é muito comum.
Então, você vai me dizer que muitos profissionais já fazem isso, certo? Mas como explicar um goleiro líder do Brasileirão desde julho do ano passado fora de uma convocação? Então a minha resposta é: os técnicos podem até fazer planilhas, mas na hora de decidir, usam muito mais o peso pessoal do que qualquer planilha. E o torcedor culpa o patrocinador, o técnico, o presidente, com toda a razão do mundo, porque na planilha do torcedor, a paciência está no limite.

Mauro Mueller é apresentador do Show de Bola da Rede Massa, radialista e ator