Em pouco mais de dois meses de campanha das Eleições 2014, o Tribunal Regional Eleitoral do Paraná recebeu 258 processos judiciais de candidatos e coligações contra adversários. De julho a agosto, o número de processos mais do que dobrou. Foram 178 representações em agosto, contra 80 em julho. O governador Beto Richa (PSDB), candidato à reeleição, tem o setor jurídico que mais moveu ações até agora. O tucano processou 92 vezes os concorrentes ao Palácio Iguaçu – senador Roberto Requião (PMDB) e senadora Gleisi Hoffmann (PT). 

Requião é o candidato ao governo mais processado, com 42 representações contra ele. Gleisi se defende de 39 ações e Richa de 18 processos. A maioria é formada por questionamentos a declarações públicas na internet, TV e rádio. A Justiça Eleitoral julgou 194 processos em primeiro grau nos últimos dois meses, com 124 considerados improcedentes. Os números podem ser até três vezes maiores, segundo o TER. O levantamento não considera os recursos apresentados pelos candidatos e coligações. Ontem, a Justiça divulgou pelo menos cinco decisões. Richa e Requião foram os mais citados nas publicações dos juízes.
O governador Beto Richa, responsável pela maioria das ações, conseguiu o nono direito de resposta no site de campanha do senador Requião. O direito foi concedido pela Justiça Eleitoral por acusações de Requião feitas desde o dia 30 de agosto no site www.requiãopmdb.com.br e em seu canal de mídias sociais livestream #TV15, com vídeos de um discurso de Requião no restaurante Don Antônio, em Curitiba. A página do Facebook do candidato peemedebista também veiculou as afirmações e deve expor o direito de resposta concedido pela Justiça. O candidato do PMDB afirma que Richa teria cem milhões de reais para fazer a campanha e, segundo a Justiça, distorce da realidade dos fatos, considerando que o próprio Tribunal Superior Eleitoral tem o registro dos limites gastos nas campanhas eleitorais, que no caso do Beto Richa, é de R$ 36 milhões. Outra acusação considerada distorcida pela Justiça é de que Richa teria praticado crimes quando Requião afirma que o dinheiro do caixa dois, é o dinheiro retirado do aumento da luz, é o dinheiro do aumento da água e compraram e adquiriram dezesseis partidos, entre outras acusações. Para o juiz relator Pedro Lourival Chemin, Requião passou do limite do debate político. (Requião) transborda a mera crítica e fere a honra do candidato Beto Richa; há ofensas à honra de Beto Richa; há um exagero; passou do tolerável no embate político; a verborragia foi além do limite do tolerável, disse o juiz ao justificar seu voto. A campanha tucana já veículou respostas no Facebook, site, Twitter, Youtube e em emissoras de TV quando foram concedidas respostas por declarações do senador.
Também na sessão de ontem, o juiz Guido Dobelli negou recurso de Requião e determinou a perda de 30 segundo do horário eleitoral da campanha majoritária da coligação Paraná Com Governo. Segundo a decisão do juiz, o candidato ao governo pelo PMDB usou espaço destinado aos candidatos a deputado federal e estadual para disseminar mensagens da campanha ao governo. A manobra é proibida pela Justiça Eleitoral. Na segunda-feira (08), Requião e Richa perderam 45 segundos cada em outras ações de propaganda irregular.