SÃO PAULO, SP – O americano Matthew Todd Miller, condenado pela Corte Suprema da Coreia do Norte neste domingo (14) a seis anos de trabalhos forçados, teria recebido tal condenação por espionagem, segundo informaram a agência Associated Press e o Choson Sinbo, jornal japonês pró-Coreia do Norte, que foram autorizados a assistir ao julgamento.
Oficialmente, Miller foi acusado de cometer “atos hostis” contra o país asiático, informou a agência oficial do país, KCNA.
A agência estatal de notícias norte-coreana não especificou a natureza de seu crime.
Miller, um dos três americanos que o regime de Kim Jong-un mantém detidos, viajou com visto de turista para a Coreia do Norte e foi detido no dia 26 de abril por seu “comportamento agressivo”, segundo explicou então a imprensa local, enquanto aguardava seu acesso ao país.
A informação divulgada dizia que, apesar de contar com um visto de turista, o homem “o rompeu em pedaços e gritou que ia solicitar asilo”.
Ele foi acusado de entrar na Coreia do Norte com a “ambição” de deliberadamente violar as leis do país para que pudesse viver em uma prisão norte-coreana e se tornar uma testemunha ocular das violações de direitos humanos nesses locais, afirmou a AP.
Em fevereiro, um relatório da ONU apontava para violações “disseminadas, sistemáticas e brutais”, incluindo trabalhos forçados, tortura, estupro e execuções, nas prisões da Coreia do Norte.
Segundo o Choson Sinbo, o tribunal teria dito que “o crime dele contra o Estado foi perpetrado sob a proteção e o encorajamento do atual governo dos EUA, que quer isolar e sufocar nossa república.”
Há dois outros americanos presos no país. Edward Fowle, de 56 anos, foi acusado de deixar uma bíblia no quarto de seu hotel e aguarda julgamento. Proselitismo é considerado crime no país.
Kenneth Bae, um missionário, foi condenado a 15 anos de trabalhos forçados sob a acusação de tentar montar uma rede de proselitismo para derrubar o governo norte-coreano.
Em entrevista concedida à televisão americana CNN no começo do mês, os três americanos pediram a Washington que mande enviados especiais para Coreia do Norte para conseguir sua repatriação.
Anos atrás, o regime norte-coreano libertou diversos cidadãos americanos após complexas rodadas de negociações diplomáticas.
Em 2009, graças à mediação do ex-presidente Bill Clinton, Pyongyang libertou duas jornalistas dos EUA detidas por entrada ilegal e condenadas a 12 anos de trabalhos forçados. Em 2010, outro ex-presidente, Jimmy Carter, participou das negociações para libertar um cidadão condenado a oito anos por entrar ilegalmente no país.