SÃO PAULO, SP – O Ministério Público de São Paulo cobrou da prefeitura nesta segunda-feira (15) acesso ao estudo técnico que serviu de base para a liberação da circulação de táxis nas faixas exclusivas de ônibus.
A liberação foi anunciada pelo prefeito Fernando Haddad (PT) na sexta-feira (12). Antes vetados na maioria dos 440 km de faixas, os táxis foram liberados em qualquer horário, desde que com passageiro.
A decisão foi criticada por especialistas, que temem prejuízo à velocidade dos coletivos. Segundo Haddad, a medida tem “solidez técnica” e se baseou em estudo feito por engenheiros da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego).
O promotor de urbanismo Maurício Ribeiro Lopes também criticou a decisão e enviou ofício cobrando acesso ao documento.
“Mandei um ofício pela manhã, requisitei as informações com prazo de 48 horas. Quero ver primeiro as justificativas para depois decidir que ação tomar”, disse.
Ele cogita entrar com ação civil pública contra a administração caso a análise não seja convincente.
Em março, o promotor firmou acordo com a prefeitura que proibiu a circulação dos táxis nos corredores de ônibus à esquerda nos horários de pico.
A medida teve por base um estudo de 126 páginas feito pela CET, SPTrans (empresa municipal que gerencia o transporte) e por uma consultoria independente que concluiu haver redução na velocidade dos ônibus devido à presença de táxis.
A reportagem também pediu acesso ao novo estudo, sem sucesso. Em nota, a CET informou que “os dados serão disponibilizados nos próximos dias”.
POLÍTICA
A novidade foi anunciada a três semanas das eleições, em que o PT enfrenta disputa acirrada na campanha presidencial e situação delicada na estadual –na mais recente pesquisa Datafolha, Alexandre Padilha, candidato do partido, tem 9% das intenções de voto ante 49% de Geraldo Alckmin (PSDB).
Segundo a reportagem apurou, a decisão de Haddad atendeu a pressões de alas do PT, que atribuem ao prefeito parte das dificuldades de Padilha e cobravam mais ações.
Com a liberação aos táxis, o prefeito também atendeu um dos principais pleitos dos 34 mil taxistas da cidade, que resistem à sua gestão, mas apoiam a reeleição de Dilma à Presidência.
Haddad não comentou a relação da decisão com as eleições. Disse que a decisão beneficia os cerca de 500 mil passageiros que usam táxis diariamente –nos ônibus, são 5 milhões.