PAULO PEIXOTO BELO HORIZONTE, MG – Um laudo de perícia técnica da Polícia Civil de Minas Gerais que analisou as causas da queda de um viaduto em Belo Horizonte, em 3 de julho, apontou uma série de erros no planejamento da construção da via. O laudo teve trechos divulgados nesta segunda-feira (15) pelo “Jornal Nacional”, da TV Globo. Na queda do viaduto Batalha dos Guararapes, duas pessoas morreram e 23 ficaram feridas. A alça que restou de pé, por não oferecer segurança, foi implodida neste domingo (14). O viaduto era uma obra atrasada e inacabada da Copa do Mundo. Entre os erros apontados estão o de cálculo das ferragens do bloco de fundação de um dos pilares. A empresa Consol teria transcrito de forma errada para o projeto os números que correspondiam à carga de sustentação. O número equivocado, diz a perícia, não foi revisado pela Consol nem pela construtora Cowan, responsável pela obra. Teria errado ainda a prefeitura, por meio da empresa pública responsável pela fiscalização (Sudecap). Outro erro anotado foi na chamada protensão, um tipo de sistema estrutural que cria um pré-tensionamento nos cabos para aumentar a resistência da laje do viaduto. Esses cabos não foram cobertos com massa de cimento como deveriam. A perícia também apontou que foram abertos 42 buracos na estrutura do viaduto para a passagem de material, intervenções que não estavam previstas no projeto. Isso teria fragilizado a construção. Esses erros, somados, teriam causado sobrecarga no pilar de sustentação que cedeu e causou a queda, quando as escoras estavam sendo retiradas. A Cowan já havia apontado problemas na questão das ferragens e responsabilizou a Consol e a prefeitura pela queda. A Consol, por sua vez, já havia apontado a abertura dos 42 buracos na laje do viaduto pela Cowan e informou ainda que a construtora não realizou a obra como previsto no projeto. As empresas e a Prefeitura de BH aguardam a divulgação oficial do laudo para se pronunciarem. Logo após a queda do viaduto, contudo, a prefeitura já havia admitido ter havido erro coletivo. Na semana passada, a Justiça concedeu à Polícia Civil mais 30 dias de prazo para concluir o inquérito que apontará as causas e as responsabilidades no acidente.