PATRÍCIA BRITTO, ENVIADA ESPECIAL CAMPINAS, SP – Em comício no interior de São Paulo nesta quarta-feira (17), a presidente Dilma Rousseff afirmou que há muito “ódio” e “mentira” nesta eleição, e disse que seus eleitores devem responder com a “verdade” quando seus adversários disserem mentiras. “Tem muita mentira, muito ódio nessa eleição. Quando vocês virem a mentira ser falada, vocês respondam com a verdade, e a verdade é uma só. A verdade é que esse país mudou. Hoje as pessoas têm muito mais oportunidade”, disse a presidente, em discurso na praça Rui Barbosa, no centro de Campinas (SP).

A presidente também acusou adversários de não terem propostas para o país e enalteceu programas de seu governo. “Tem gente que chega para vocês e só fala, fala, mas não tem o que apresentar. Nós temos. Temos o Minha Casa, Minha Vida, o Pronatec, o crescimento das universidades públicas em todo o país”, afirmou.

Antes do comício, Dilma se reuniu com empresários de Campinas e com acadêmicos da Unicamp, na sede da Acic (Associação Comercial e Industrial de Campinas), onde ouviu pedidos como atualização da lei trabalhista, redução da carga tributária e desburocratização.

Em seguida, percorreu ruas do centro de Campinas, por cerca de 200 metros, em um carro aberto, seguida por centenas de militantes petistas e ao som do jingle da campanha. Em alguns momentos, Dilma se abaixou para abraçar eleitores. Ao lado da presidente estavam aliados como o presidente do PT-SP, Emídio de Souza; o prefeito de São Bernardo do Campo, Luiz Marinho (PT), e o economista Márcio Pochmann, que integra a campanha petista.

O candidato do PT ao governo de São Paulo, Alexandre Padilha, não participou do evento -segundo sua assessoria, ele tinha outros compromissos de campanha. O candidato petista foi representado pelo vice de sua chapa, Nivaldo Santana (PC do B).

Ao discursar para militantes, Dilma lembrou que morou em Campinas em duas ocasiões diferentes, quando estudou na Unicamp, e disse que na cidade aprendeu “muita coisa sobre o Brasil” que nunca esqueceu. “Estudei lá na Unicamp, e aqui as coisas que eu aprendi eu não esqueci. Primeiro, que era preciso mudar esse país, esse país tão desigual. Que nós devíamos assegurar que esse país tivesse um rumo, e esse rumo era crescer e distribuir a renda para os brasileiros, criar empregos, valorizar os salários”, afirmou.

Ela citou o ex-presidente Lula ao mencionar mudanças realizadas pelas gestões do PT na Presidência, e disse que ainda é preciso mudar mais. “Nós conseguimos, durante o governo Lula e durante o meu governo, ampliar as oportunidades para que as pessoas pudessem estudar”, disse. “O Brasil hoje conseguiu dar muitos passos para frente, mas ainda é preciso dar muitos passos mais.”

PESQUISA

Mais cedo, questionada por jornalistas se a alta nas pesquisas eleitorais de seu adversário do PSDB, Aécio Neves, se deve ao que ele próprio definiu como uma “onda da razão”, Dilma respondeu que “não dá importância a isso”. “Durante campanha eleitoral, se faz muita propaganda, muito marketing. Cada um tem toda liberdade de fazer o marketing que quiser. Eu não dou muita atenção para esse tipo de tentativa”, afirmou.

Segundo pesquisa Ibope divulgada na terça-feira (16), Dilma lidera a disputa no primeiro turno, com 36% das intenções de voto, três pontos percentuais a menos que na pesquisa anterior do mesmo instituto. Marina aparece em segundo lugar, com 30%, recuo de um ponto percentual em relação ao levantamento anterior, enquanto Aécio subiu de 15% para 19% das intenções de voto. A margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.

A presidente não quis comentar sua queda no levantamento. “Não comento pesquisa.” Em São Paulo, maior colégio eleitoral do país, Marina tem 40% das intenções de voto, e Dilma, 26%, segundo a última pesquisa do Datafolha, na semana passada. Em terceiro lugar, aparece Aécio Neves, do PSDB, com 16%.