Foram quase três horas de depoimento à CPI mista da Petrobras. Três horas de silêncio por parte do ex-diretor da estatal, Paulo Roberto Costa. No período, ele repetiu 18 vezes nada a declarar ou frases equivalentes, recusando-se a responder todos os questionamentos formulados pelos parlamentares.

Preso em Curitiba, Costa foi trazido por policiais federais de Curitiba para atender à convocação da CPI. Ele está preso desde março, quando aconteceu a peração Lava Jato, da Polícia Federal, que investiga um esquema de lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Para reduzir a pena, o ex-diretor teria delatado deputados, senadores, governadores e um ministro que teriam sido beneficiados por um esquema de pagamento de propina com dinheiro de contratos da Petrobras.

Costa entrou na sala da CPI às 14h52. Logo que entrou, informou que permaneceria em silêncio mesmo que a sessão fosse secreta, restrita aos parlamentares e sem acesso do público e da imprensa. Questionado pelo senador Vital do Rêgo (PMDB-PB) se colaboraria em caso de uma sessão secreta, o ex-diretor da Petrobras respondeu: Acho que pode ser a sessão aberta, mas permaneço com a mesma posição de nada a declarar.

Mesmo com a recusa de responder aos questionamentos, os integrantes da CPI continuaram fazendo perguntas. Não tiveram explicações, mas a oposição aproveitou para atacar o governo de Dilma Rousseff, enquanto os petistas tentaram defender. O deputado Izalci (PSDB-DF), por exemplo, culpou a presidente pelo escândalo na Petrobras. A presidente dizer que não sabia é ser conivente ou incompetente. Uma ex-ministra de Minas e Energia, presidente do Conselho de Administração [da Petrobras], responsável por tudo isso aqui, dizer que não sabia do desvio de bilhões e bilhões na Petrobras é muita incompetência e conveniência, disse.

Por outro lado, o deputado Afonso Florence (PT-BA) defendeu seu partido. Primeiro, afirmou que o epoimento de Costa é um jogo de espetáculo. Depois, afirmou que, no governo petista, as acusações são investigadas – algo que a própria presidente Dilma utilizou na entrevista conceidida ao Jornal Nacional, quando ironizou o governo tucano ao fazer referência ao engavetador-geral da República.