Um dos maiores fenômenos da história recente da política no Brasil e no mundo, Luiz Inácio Lula da Silva construiu sua carreira explorando a trajetória de retirante do Nordeste que passou fome, foi operário e virou líder sindical. Pois nesta eleição, o PT e o ex-presidente enfrentam pela primeira vez, em pé de igualdade, alguém que tem uma história tão ou mais forte, capaz de sensibilizar as massas, em especial a maioria dos brasileiros que se equilibra sobre o fio da navalha de baixos salários e luta diária pela sobrevivência. Alvejada pelos petistas por todos os lados, e com pouco tempo na propaganda de televisão, Marina Silva (PSB) protagonizou esta semana uma das mais contundentes peças dessa campanha. Para rebater os boatos de que poderia acabar com o Bolsa Família caso eleita, colocou no ar um discurso em que se dirige diretamente à Dilma Rousseff para contar a história de quando seus pais só tinham um ovo, farinha e lascas de cebola para alimentar uma família de oito irmãos. E por mais que o PT e a candidata à reeleição a acusam de vitimização e coitadismo, o fato é que Marina foi convincente, pois sua história tem verossimilhança e provoca uma empatia inegável entre o eleitorado médio. Não por acaso, os próprios petistas admitem o temor de enfrentar o que descrevem como o Lula de saias.

Actor´s studio
Na propaganda eleitoral, não basta contar uma história tocante. É preciso ter verossimilhança e ser convincente. Esse é o detalhe que torna a peça veiculada por Marina uma das mais expressivas dessa campanha. Além disso, ela também mostra que aprendeu com Lula a dosar a emoção. Chega a fazer uma pausa dramática com a voz embargada ao fazer o relato acima. Quem viveu essa experiência jamais vai acabar com o Bolsa Família. Não é discurso, é uma vida, diz a candidata do PSB. Não será fácil para o PT conseguir produzir uma resposta a isso.

Pessimildo
Uma das novidades da propaganda de Dilma é o boneco Pessimildo, que faz troça dos críticos do governo. Ele é uma espécie de antítese da Velhinha de Taubaté – personagem criado pelo escritor Luis Fernando Verissimo durante o governo do general João Baptista Figueiredo, que ficou famosa como a última pessoa no Brasil que ainda acreditava no governo. Segundo consta, ela teve seu falecimento anunciado pelo autor em 2005, no auge da crise do mensalão, tendo morrido em frente à TV, decepcionada com o quadro político brasileiro.

Olha o buraaaaaco…
Dilma falou sobre a universalização do Simples e a criação de um Simples de transição para pequenas empresas que estão crescendo. Prometeu acabar com o abismo tributário criando uma rampa mais suave para quem precisa mudar de faixa de tributação. Os adversários da petista dizem que do jeito que anda a economia, em vez de subir essa rampa, o empresário vai é cair em um alçapão.

Efeito Ibope
Foi só recuperar alguns pontos na pesquisa e ver Marina oscilar para baixo, que Dilma já apareceu mais alegrinha em seu programa. A presidente tá sorrindo mais, com um semblante mais leve.

Antes e depois
No horário eleitoral é assim: os políticos aparecem andando de ônibus, metrô em meio ao povão. Passou a eleição, é só carro oficial blindado com escolta policial.

Na pele
Aécio Neves diz que o mundo da política é duro, às vezes é até cruel, e devora as boas intenções da noite para o dia. Sem falar nas intenções de voto, faltou o tucano completar.

Celebridades
Zezé di Camargo, Ronaldo o Fenômeno, Zico, Chitãozinho e Xororó, Bernardinho, Dadá Maravilha, Wanessa Camargo, Chrystian, Fernando Brant, Fagner, foi o time escalado pelo candidato do PSDB ontem em sua propaganda. Parecia mais a ilha de Caras.

Nova política
Eduardo Jorge parece aquele professor universitário maluco que faz média com os alunos liberando a saída antes do horário.