AURÉLIO ARAÚJO
SÃO PAULO, SP – Uma caneta que foi usada pelo escritor Graciliano Ramos (1892-1953) sumiu da exposição “Conversas de Graciliano Ramos”, em cartaz no MIS (Museu da Imagem e do Som) em São Paulo desde a terça-feira (16).
“Ainda estamos verificando se a caneta foi extraviada ou se foi de fato furtada”, disse o diretor do MIS, André Sturm.
Ele contou que a caneta estava exposta num ambiente que recriava o escritório de Graciliano Ramos, com objetos que pertenceram ao autor de “Vidas Secas”. Ela estava sobre um manuscrito, próximo a um tinteiro com outras duas canetas. As três pertenceram ao escritor.
“Não estou querendo tirar nossa responsabilidade, mas essa exposição não foi montada pelo MIS, como 90% das nossas mostras. Nós cedemos o espaço e a exposição foi montada por uma curadora. Se tivessem nos contado que a caneta era original dele, jamais teríamos feito dessa maneira”, afirmou o diretor.
Ele se refere à produtora cultural Selma Caetano, que diz que o inventário da exposição foi passado ao museu.
“Acho que o que o André está dizendo é que ele não sabia que aquela caneta específica era de Graciliano”, contou Selma.
O objeto está no centro da exposição, num local protegido por um pano que vai do chão ao teto. É possível enxergar o que há ali por meio de três escotilhas e não havia ainda uma proteção entre o público e elas.
De acordo com Selma, o objeto sumiu antes da abertura da mostra, quando a segurança dos objetos ainda não havia sido concluída.
“Creio que o André não sabia que essa caneta, tão perto da escotilha, era original. Talvez ele tivesse pensado que apenas as do tinteiro tinham sido do Graciliano.”
De acordo com Sturm, todos os objetos originais já foram retirados da mostra. Eles serão recolocados assim que barreiras de proteção, que servirão para evitar que o público se aproxime dos itens, sejam instaladas.
Sturm prevê que isso deve ocorrer na quinta-feira (18) ou na sexta.
Os objetos de “Conversas de Graciliano Ramos” vieram de duas casas alagoanas: o Museu Casa Graciliano Ramos, em Palmeira dos Índios, e o Arquivo Público do Estado de Alagoas, em Maceió. A família do escritor também cedeu parte do material.
“Espero que esse incidente não tire o brilho da mostra”, falou Selma. “Foi uma fatalidade.”