Será realizado de 24 a 27 de setembro, no Centro de Convenções CentroSul de Florianópolis, o 12º Congresso Brasileiro de Videocirurgia realizado pela SOBRACIL – Sociedade Brasileira de Videocirurgia, que vai debater, entre outros temas, o aumento da Endometriose no mundo, especialmente em mulheres mais jovens, e as grandes novidades que são as novas armas para diagnosticar e tratar a doença, como as ressonâncias magnéticas para o diagnóstico precoce e cirurgias realizadas por Robôs, com muito mais precisão, menos dor no pós-operatório e recuperação mais rápida. O evento será aberto com apresentação do Ballet Bolshoi.

Segundo Claudio Crispi, presidente da SOBRACIL e do Congresso, a Endometriose continua crescendo no Brasil, principalmente entre as mulheres mais jovens, por falta de informação de pacientes e profissionais de saúde. É uma doença silenciosa que vem causando devastação no organismo feminino, e está virando caso de saúde pública no país. A Endometriose como é de difícil diagnóstico, uma vez que os sintomas são comuns a várias doenças, destrói vários órgãos das pacientes, até ser descoberta. Pelo grau de destruição da doença, os países mais avançados da Europa e os Estados Unidas já mantém campanhas permanentes de esclarecimento e reciclagem para médicos, para possibilitar um diagnóstico precoce e deter o avanço da doença. No Brasil, grande parte dos médicos que não são especialistas ainda não sabe como lidar com a doença, que tem sido detectada cerca de até 10 anos depois de seu aparecimento, o que pode mutilar a mulher. Uma das principais conseqüências da Endometriose é a infertlidade. Cerca de 50% dos casos de infertilidade nas mulheres do mundo inteiro, são causados pela doença, que atinge 15% da população feminina entre 15 e 45 anos.

Os principais sintomas da Endometriose são cólica menstrual intensa, sangramentos na urina ou nas fezes e dor forte durante o ato sexual.

O ginecologista Cláudio Crispi, especialista no tema, explica que a endometriose é uma doença conhecida há muitos anos, mas a grande dificuldade sempre foi obter o seu diagnóstico correto.Mas agora os exames de ressonância magnética tem demonstrado um ótimo resultado tanto para diagnosticar, como para mapear e apontar as estratégias de tratamento da doença. E uma boa notícia: o exame já pode ser feito na rede de saúde pública, possibilitando o tratamento imediato.

Através da ressonância magnética pode ser observado que uma grande porcentagem de pacientes que sofrem de dor pélvica (em baixo ventre) que se intensificam progressivamente, como cólicas menstruais intensas, dor em cólica fora do período menstrual, dor profunda na relação sexual e esterilidade, são portadoras da endometriose. Para exemplificar, nas pacientes com queixas de dor pélvica, alguns estudos científicos já observam a presença da doença em 60 a 70% dos casos.

Mas o que vem a ser esta doença? — O professor Crispi explica: o endométrio é um tecido que reveste internamente o útero e quando estimulado pelos hormônios femininos, cresce mensalmente, preparando o útero para uma gravidez. Quando esta não ocorre é eliminado como menstruação.

Por alguns motivos, como o refluxo da menstruação pelas trompas, diferenciação de tecidos embrionários adormecidos e propagação pela corrente sanguínea, este endométrio pode se localizar em outros órgãos como as trompas, ovário, peritônio (membrana que reveste o abdome internamente), bexiga, intestinos, no fundo da vagina, etc.

Estes locais, são então também estimulados pelos hormônios femininos, sofrendo pequenos sangramentos e causando intensa reação inflamatória local, o que explica a dor de grande intensidade experimentada por essas mulheres. Quando não diagnosticada, a doença progride, intensificando a reação inflamatória e a dor. E pode invadir a bexiga causando sintomas urinários como, cistites e sangue na urina, podendo ainda invadir o intestino e o reto Toda essa reação inflamatória acarreta também, deformação dos órgãos do aparelho reprodutor, diminuindo a capacidade da mulher engravidar.

Portanto, prossegue o professor Crispi, estamos diante de uma doença que traz grande sofrimento à mulher, incapacitando-a para suas atividades sociais e profissionais por vários dias mensalmente, ou impedindo-a de engravidar. Por isso, a necessidade de um diagnóstico precoce é essencial não só para o alívio da dor, como para preservar a capacidade reprodutiva da mulher.

Durante o Congresso, será lançado o Atlas de Ressonância em Endometriose Profunda, pela Editora Revinter, de autoria dos médicos Claudio Crispi, Alice Brandão e Marco Aurélio de Oliveira.