RANIER BRAGON E ANDRÉIA SADI
BRASÍLIA, DF – Assim como há quatro anos, as doações de pessoas físicas via internet aos principais candidatos à Presidência tendem a ser pífias nestas eleições.
Até agora Marina Silva (PSB) e Dilma Rousseff (PT) conseguiram arrecadar por esse meio cerca de R$ 400 mil, menos de 0,3% de tudo o que as duas campanhas declararam ter recebido de doações até o final de agosto. Aécio Neves (PSDB) não aderiu ao modelo.
Como tradicionalmente ocorre, as empresas privadas respondem pelo grosso dos recursos injetados nas candidaturas. Outra fonte importante é o dinheiro público vindo do Fundo Partidário.
A defesa do financiamento eleitoral popular via internet entrou em voga após Barack Obama vencer as eleições para a Casa Branca em 2008 alçado por uma onda popular que lhe rendeu mais de 3 milhões de pequenas doações via internet -a campanha anunciou ter captado US$ 500 milhões.
A discussão ganhou maior importância também após STF (Supremo Tribunal Federal) sinalizar que irá vetar o financiamento privado das eleições no Brasil. A maioria dos ministros da corte se posicionou nessa direção em abril, mas o julgamento foi interrompido e ainda não tem data para ser concluído.
Os responsáveis pela arrecadação das campanhas de Marina e Dilma não quiseram se manifestar. Nos bastidores, aliados das duas candidatas afirmam que o modelo funciona no Brasil, hoje, ainda de forma simbólica e que será necessário encontrar formas de impulsioná-lo após entrar em vigor a esperada vedação do financiamento privado das eleições. Mas eles dizem não ter ainda ideia de como fazer isso.
Nas eleições de 2010, Dilma e Marina estrearam o uso da ferramenta em uma disputa presidencial brasileira, sob razoável expectativa.
Ao final, os eleitores que usaram os cartões de crédito e débito para financiar as duas desembolsaram R$ 180 mil para Dilma e R$ 171 mil para Marina, 0,17% do gasto efetivo declarado pelas campanhas à época.
Na atual disputa, a campanha de Marina diz ter arrecadado até a última sexta R$ 225 mil. Seu site afirma esperar que “em vez de poucos contribuindo com muito”, a campanha quer ver “muitos contribuindo com pouco”.
Apesar disso, o PSB diz se contentar se as doações atingirem R$ 1 milhão, menos de 1% do teto de gastos declarado por Marina, que é de R$ 150 milhões.
Já a campanha de Dilma diz ter reunido R$ 179 mil até a terça-feira (16) em doações de pessoas físicas via internet –0,1% do que a petista declarou ter arrecadado até o final de agosto.