MARIANA HAUBERT BRASÍLIA, DF – A presidente Dilma Rousseff minimizou nesta quinta-feira (18) os resultados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), divulgados na manhã desta quinta-feira (18), que mostram que a taxa de desemprego aumentou com o baixo crescimento dos postos de trabalho em 2013. Para Dilma, o desemprego mostrado na pesquisa é pontual e não está aumentando. A presidente também afirmou que há uma flutuação normal na estagnação da desigualdade. “É o ano da qualidade do trabalho e do aumento da renda média. […] Isso [aumento do desemprego] é pontual. Óbvio que as taxas de emprego não vão crescer como antes porque não tem nem para onde ir. Tem uma taxa de desemprego bem baixa no Brasil.” “Não é só quantidade, é qualidade. Não é o copo meio vazio, meio cheio. É o copo cheio. Ou seja, mudou o padrão do Brasil em matéria de emprego e desemprego”, afirmou a presidente em sua tradicional entrevista coletiva concedida no Palácio da Alvorada, em Brasília, realizada como agenda de campanha. Dilma é candidata à reeleição pelo PT. De acordo com a pesquisa realizada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a taxa de desemprego subiu de 6,1% em 2012 (menor marca da série iniciada em 2001) para 6,5%. Trata-se da primeira alta desde 2009, auge da crise global. O número de pessoas empregadas cresceu, por sua vez, apenas 0,6% frente 2012. Foi também o pior desempenho desde a crise de 2008/2009. DISTRIBUIÇÃO DE RENDA A pesquisa também mostra que o processo contínuo de melhora da distribuição de renda se estancou e já sinaliza um retrocesso nessa tendência, vivida pelo país desde o Plano Real. O índice de Gini, medida de desigualdade, passou de 0,496, em 2012, para 0,498, em 2013, no indicador que mensura exclusivamente a distribuição dos rendimentos do trabalho –melhor referência disponível na Pnad. Apesar do resultado ruim, Dilma destacou a criação de 100 mil novos postos de trabalho em em agosto 756 mil empregos criados ao longo de 2014 até agosto. “A tendência do desemprego também é de queda. Essa Pnad é o retrato do Brasil em uma semana de setembro. O desemprego médio no Brasil está caindo sim. […] Ninguém está em processo de desemprego criando 756 mil empregos”, disse. Para Dilma, o modelo de distribuição de renda adotada pelos governos petistas não deve ser alterada em um eventual segundo mandato. “Quem quer acabar com a valorização do salário mínimo, quem quer reduzir a política que financia o microempreendedor individual e uma parte grande das pequenas e micro empresas, via BNDES ou via o programa Crescer, viabilizado pelos bancos públicos, não vai segurar esse modelo de redução da desigualdade. E nós conseguimos manter isso diante da maior crise econômica do mundo”, disse. PONTOS POSITIVOS Durante a entrevista, Dilma analisou os dados da Pnad e ressaltou os aspectos positivos da pesquisa, como o aumento da formalização dos trabalhadores, aumento da ocupação de pessoas com mais de 30 anos, a queda do analfabetismo, o maior acesso a bens duráveis, como máquina de lavar, geladeiras e televisões, e acesso aos serviços essenciais, como água e energia elétrica. “A Pnad de 2013 é um retrato do Brasil naquele momento, em 2013. O ano de 2013 é o ano da qualidade do trabalho, é o ano do aumento do crescimento da renda média. Todos os brasileiros tiveram aumento de renda real no período. Ninguém perdeu. Mas, na classe média, houve um crescimento maior.” “Em 2013, a desigualdade não se alterou. Mas, se olhar para trás, para 2012, tinha tido uma grande queda, principalmente, entre os mais pobres. Agora, de olhar 2014, vai ver que há uma extraordinária queda da desigualdade, talvez a maior desde 2004, com 0.1% ao mês, ou 1,2% no ano”, disse. MARINA SILVA A candidata voltou a criticar a sua adversária Marina Silva (PSB) ao dizer que ela muda de opinião toda hora. Segundo Dilma, Marina havia dito que faria uma atualização nos direitos trabalhistas mas afirmou que não alteraria tais dispositivos depois de a presidente ter dito que não mexeria nos direitos dos trabalhadores “nem que a vaca tussa”. “Eu nunca sei de fato o que ela pensa porque ela pensa uma coisa um dia e muda de ideia no outro. Eu penso o que estou dizendo aqui”, disse. A candidata também fez uma referência à pessebista ao dizer que quem quer diminuir o papel dos bancos públicos não conseguirá manter modelo de redução da desigualdade. “Quem quer acabar com a valorização do salário mínimo, quem quer reduzir a política que financia o microempreendedor individual e uma parte grande das pequenas e micro empresas, via BNDES ou via o programa Crescer, viabilizado pelos bancos públicos, não vai segurar esse modelo de redução da desigualdade. E nós conseguimos manter isso diante da maior crise econômica do mundo”, disse.