DIÓGENES CAMPANHA
SÃO PAULO, SP – A Polícia Civil de Goiás prendeu nesta quinta-feira (18), em Piracanjuba (a 73 km de Goiânia), quatro pessoas em um avião que transportava R$ 500 mil e mais de três quilos de santinhos. Os materiais de campanha pertencem a Marcelo Miranda, candidato do PMDB ao governo do Tocantins, e Carlos Gaguim, que concorre a deputado federal pelo partido.
A origem do dinheiro ainda será investigada.
Os policiais do Genarc (Grupo Especial de Repressão a Narcóticos) monitoravam pistas de pouso clandestinas utilizadas por traficantes de drogas, quando três homens chegaram em uma caminhonete. O avião já se preparava para decolar.
Não foram encontrados entorpecentes. O dinheiro e o material de campanha estavam com um homem de 39 anos.
Segundo o delegado Ricardo Chueire, três dos quatro detidos confessaram que o dinheiro seria utilizado para o pagamento de despesas de campanha de Marcelo Miranda, que está com as contas bloqueadas pela Justiça.
Na terça-feira (15), a Justiça Federal havia decretado a indisponibilidade dos bens de Miranda. Ele é alvo de uma ação do Ministério Público Federal pela contratação irregular de uma Oscip (organização da sociedade civil de interesse público) para gerir hospitais do Estado em 2003 e 2004, quando era governador.
Na delegacia, no entanto, os detidos mudaram a versão depois de terem conversado com advogados.
Disseram que o dinheiro era proveniente de um empréstimo que um dos homens havia contraído em Brasília. Sobre o material de campanha, afirmaram que o candidato a deputado Carlos Gaguim havia voado na aeronave semanas antes e que havia esquecido os 3,6 kg de santinhos –cerca de 1.000 panfletos, segundo o delegado– na aeronave.
“Inventaram uma história falaciosa. Existem fortes indícios de que seja caixa dois de campanha, mas não cabe à Polícia Civil averiguar isso”, disse o delegado Chueire, que deverá encaminhar cópias da documentação sobre o caso para o Tribunal Regional Eleitoral e a Procuradoria Regional Eleitoral do Tocantins.
Os quatro homens detidos foram autuados por associação criminosa, lavagem de dinheiro e crime tributário.
OUTRO LADO
Em entrevista após uma sabatina promovida pela Federação das Indústrias do Tocantins, na noite desta quinta, Marcelo Miranda negou ligação com o material apreendido no avião. “Não estou numa campanha política em Goiás, minha campanha política é aqui no Tocantins. Desconheço essa história”, disse.
Em nota, Carlos Gaguim afirmou não ter “qualquer relação” com o dinheiro nem “vínculo profissional ou pessoal com os supostos envolvidos”.
Ele afirmou que desconhece a origem dos santinhos e que seu material de campanha é confeccionado em gráficas do Tocantins, “com o devido recolhimento dos impostos, tendo sua distribuição restrita aos limites estaduais e as lideranças locais”.
O candidato prometeu tomar “medidas judiciais cabíveis” pelo “uso indevido” de seu nome e imagem no episódio.