SAMY ADGHIRNI
CARACAS, VENEZUELA – Um ex-chefe da Polícia de Caracas tido como personagem emblemático da oposição foi transferido neste sábado (20) da cadeia, onde passou os últimos nove anos, para sua residência com o intuito de receber tratamento médico.
A Justiça, porém, divulgou no Twitter que Ivan Simonovis, 54, deverá retornar à prisão de Ramo Verde logo após o fim dos cuidados.
Simonovis havia sido condenado a 30 anos de prisão por suposto envolvimento na morte de quatro manifestantes pró-governo durante distúrbios que culminaram com o breve golpe contra o então presidente esquerdista Hugo Chávez, em 2002.
Para o governo, Simonovis contribuiu deliberadamente para fomentar o caos nas ruas e pressionar pela saída de Chávez, que acabou revertida horas depois, em grande parte graças ao apoio popular.
A oposição direitista considera Simonovis um preso politico e vinha protestando contra suas condições de encarceramento.
Segundo a família, o ex-policial vivia numa cela minúscula e escura, o que lhe causou sérios problemas de saúde. Médicos do hospital militar para onde foi levado reiteradas vezes diagnosticaram 19 patologias, incluindo pressão alta e osteoporose.
No livro “O prisioneiro Vermelho” (título em tradução livre), escrito em pedaços de papel entregues a seus visitantes na cadeia, Simonovis relata ter sido alertado pelos médicos de que sua osteoporose é tão grave que ele corre risco de fraturar a coluna quando se agacha para colocar calçados.
Segundo a família, Simonovis agora poderá receber tratamento, mas está sob constante vigilância de agentes do Sebin, o serviço secreto nacional. O prisioneiro também continua proibido de emitir publicamente opiniões políticas e de usar as redes sociais.
A prisão de Ramo Verde é a mesma onde se encontra o opositor Leopoldo López, preso em fevereiro deste ano sob acusação de ter incentivado protestos violentos contra o presidente Nicolás Maduro.