BRUNA MOZER
RIBEIRÃO PRETO, SP – A Orygen, joint venture entre os laboratórios nacionais Biolab e Eurofarma, vai construir em São Carlos (a 232 km de São Paulo) uma fábrica de medicamentos biossimilares para tratamento de doenças complexas, como câncer e as autoimunes. O investimento será de R$ 300 milhões, segundo Andrew Simpson, diretor científico da Orygen.
O medicamento biossimilar é produzido no mesmo sistema dos genéricos e são livres de patentes. Contudo, são desenvolvidos a partir de células vivas. Uma parceria está sendo traçada com a multinacional americana Pfizer, que já desenvolveu cinco tipos de anticorpos e vai transferir sua tecnologia para o Brasil.
“É o mesmo conceito do genérico, mas mil vezes mais complexo. Os medicamentos são feitos a partir de células e é preciso comprovar exaustivamente que o produto é equivalente”, disse. A previsão é que a empresa comece a ser construída ano que vem e a funcionar em 2017. Ela será instalada no novo parque tecnológico de São Carlos, na região norte da cidade.
O desenvolvimento para esse tipo de produto é ainda pouco disseminado no Brasil. Em 2012, o Ministério da Saúde passou a estimular a indústria farmacêutica para desenvolver esse tipo de medicamento, pois são comprados para uso no SUS (Sistema Único de Saúde).
Segundo Simpson, com a fabricação no Brasil, o custo do medicamento cairá pela metade e a proposta é que os medicamentos sejam vendidos ao governo federal.
Segundo Nelson Mussolini, presidente executivo do Sindusfarma (Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos no Estado de São Paulo), há outras três empresas dessa área no Brasil. “Hoje o SUS compra boa parte de empresas instaladas no Brasil, que importam remédios. Por isso, é importante os incentivos.”
A decisão de instalar em São Carlos, segundo Simpson, é pela proximidade com as universidades. “Isso é bom para um projeto de pesquisa e desenvolvimento.”
O prefeito de São Carlos, Paulo Altomani (PSDB), estima que a nova fábrica irá gerar R$ 1 bilhão ao ano. Serão gerados 150 empregos nesta primeira fase.
A Pfizer informou, por meio da assessoria, que a parceria com a Orygen está em análise no Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica).