PAULA SPERB
SÃO PAULO, SP – Um dos condenados pelo assassinato da missionária americana Dorothy Stang, Rayfran das Neves Sales, 38, foi preso neste sábado (20) por suspeita de três novos homicídios em Belém (PA).
Sales estava em regime semiaberto desde 2013 e foi preso quando chegava em casa, no bairro Cremação, na capital paraense. Além dos três novos assassinatos, ele é suspeito ainda de uma tentativa de homicídio.
Dorothy foi morta em 2005, em Anapu (a 766 km de Belém). Rayfran foi condenado no mesmo ano por ter atirado na missionária. Um fazendeiro chegou a ser condenado como mandante do crime.
Agora, a polícia investiga se os novos crimes de Rayfran têm relação com tráfico internacional de drogas, já que um dos assassinados transportava cocaína, segundo o delegado Claudio Galeno.
De acordo com Galeno, Rayfran baleou e matou no início deste mês Evalso Fagundes da Silva, Leandro Kestring de Vargas e Joseane Noronha Santos. Na mesma ocasião, a mulher de Evalso, Luana de Cássia Castro e Silva, levou dois tiros, mas sobreviveu.
Vargas transportava 50 quilos de cocaína saídos da Bolívia, que entraram no Brasil por Mato Grosso, até a cidade de Tailândia (a 173 km de Belém). No encontro, em 5 de setembro, entregaria a droga para Evalso e Luana, que estavam acompanhados de Rayfran e outros três homens.
Foi nesse encontro que Rayfran atirou nos quatro, segundo a polícia. Luana se fingiu de morta e, depois que Rayfran e os três homens fugiram, conseguiu pedir socorro.
O corpo de Vargas foi encontrado no dia 7 de setembro e o de Joseane, um dia depois, na zonal rural de Tomé-Açu. A polícia não informou sobre o corpo de Silva.
Além de Rayfran, foram presos com ele Raimundo Fernando Ferreira Monteiro, conhecido como Gordo ou Ritchie, Osimar Lobato Rodrigues, e Luís Carlos do Carmo Lopes. Foi apreendida com Lopes uma pistola, que já foi encaminhada para a perícia.
O CASO DOROTHY STANG
A missionária Dorothy Stang foi morta em 12 de fevereiro de 2005 com seis tiros em Anapu, no Pará, por Rayfran.
Dorothy atuava com movimentos sociais e trabalhava pela criação de um assentamento em um lote de terra do fazendeiro Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida.
O fazendeiro foi condenado em 2013 por ser o mandante do crime. Segundo as investigações, Bida pagou R$ 50 mil para Rayfran assassinar a missionária.
Em depoimento, Rayfran inocentou o fazendeiro. A reportagem não conseguiu falar com a defesa dele.