SÃO PAULO, SP – Pelo menos 20 membros da facção Estado Islâmico (EI) morreram nos primeiros ataques aéreos dos Estados Unidos desta terça-feira (23) na Síria, segundo o grupo de monitoramento Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH).
Os Estados Unidos, com o apoio de seus aliados árabes, atingiram alvos do EI, incluindo campos de treinamento, bases e suprimentos de armas nas províncias de Raqqa e Deir al-Zor.
Os ataques dos EUA também tiveram como alvo o grupo Frente al-Nusra, filiado à Al Qaeda, no norte da Síria, em Aleppo e Idlib. Segundo o OSDH, mais de 50 militantes morreram nesses bombardeios.
Em Aleppo, oito civis morreram, incluindo crianças. Um prédio residencial usado pela Frante al-Nusra foi alvo de um ataque, de acordo com a ONG.
Moradores estão deixando a cidade de Raqqa, principal reduto do EI na Síria, depois dos ataques aéreos na madrugada de terça.
“Está acontecendo um êxodo da cidade enquanto nós conversamos. Isso começou nas primeiras horas do sia. As pessoas estão indo para o interior”, disse um morador.
O Exército dos EUA afirmou em um comunicado que “alvos múltiplos foram destruídos ou danificados” em torno das cidades de Raqqa, Deir al-Zor, Hasakah e da localidade fronteiriça de Albu Kamal.”
Além do EI e da Frente al-Nusra, os ataques americanos também tiveram como alvo o grupo Khorasan, comandado por combatentes veteranos da Al Qaeda. Não houve detalhes sobre o local desse ataque.
O diretor de inteligência nacional dos EUA, James Clapper, disse na semana passada que o grupo representava tanto risco quanto o EI para o país.
A ofensiva contou com a participação de Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Jordânia, Bahrein e Qatar.
GOVERNO SÍRIO
Embora autoridades americanas tenham dito que a ofensiva não foi coordenada com o regime de Bashar al-Assad, o governo sírio afirma que recebeu uma carta do secretário de Estado americano, John Kerry, horas antes dos ataques.
Os EUA e seus aliados querem a renúncia de Assad e apoiam os rebeldes moderados que lutam pela queda do regime na guerra civil do país, iniciada em 2011.
A carta teria sido entregue ao ministro das Relações Exteriores sírio, Walid al-Moualem, pelo ministro das Relações Exteriores do Iraque, país aliado de Washington e de Damasco.
Segundo um comunicado do Ministério das Relações Exteriores sírio, o país continuará a atacar o EI e está pronto para cooperar com qualquer esforço internacional para combater o terrorismo.
A Síria disse ainda estar coordenando ataques com o Iraque, onde o EI também domina territórios e onde já vem sendo atacado pelos EUA e pela França.
“A coordenação com o Iraque para lutar contra o terrorismo prossegue no mais alto nível, já que os dois países estão na mesma posição ante a facção, em aplicação à resolução 2170 do Conselho de Segurança da ONU”, destaca o texto.
Damasco, que anteriormente havia dito que qualquer ataque em seu território deveria ser coordenado com seu regime, não condenou a ofensiva americana.
Segundo a Associated Press, o regime sírio disse também que os EUA haviam informado previamente seu embaixador na ONU de que a ofensiva ocorreria.
REPERCUSSÃO
O presidente da Coalizão Nacional Síria, Hadi Bahra, comemorou os ataques aéreos, informou nesta terça a aliança de oposição à Assad.
Bahra insistiu que não bastam os ataques contra os extremistas no Iraque, que, segundo sua opinião, não funcionarão se permitirem que o EI siga operando, recrutando e treinando pessoas dentro da Síria.
Já a Rússia criticou o ataque, dizendo que a ofensiva deveria ter sido acertada com Damasco e que aumentará a tensão na região.
“Qualquer ação só pode ser realizada em conformidade com o direito internacional”, disse o Ministério das Relações Exteriores russo em um comunicado.
“Isso implica não uma notificação formal e unilateral de ataques aéreos, mas a presença de consentimento explícito do governo da Síria ou a aprovação de uma decisão do Conselho de Segurança da ONU”.
O Reino Unido disse nesta terça que ainda não tinha uma decisão final sobre participar nos ataques na Síria, segundo uma porta-voz do Ministério da Defesa.