LUCAS SAMPAIO, ENVIADO ESPECIAL
ITU, SP – O presidente da Câmara Municipal de Itu (SP), Marco Aurélio Bastos (PSD), atingido por um ovada no rosto durante um protesto contra a falta de água na cidade, afirmou nesta terça-feira (23) que não viu de onde veio o ovo.
“Eu não vi de onde veio, só senti aquilo de repente. Quem estava presente disse que veio de fora”, disse à reportagem.
A manifestação na tarde de segunda (22), que reuniu cerca de 2.000 pessoas em frente à Câmara, segundo a PM, terminou com ovos, tomates e pedras arremessadas contra o prédio, quase todos os vidros quebrados, um portão arrombado e outros dois vereadores também atingidos.
A entrada da Câmara continuava imunda nesta manhã, com as paredes sujas de ovo e muitos tomates e cacos de vidro espalhados pelo chão, enquanto a perícia não era feita. Um forte cheiro de ovo tomava conta da entrada do prédio, que deve ficar fechado por 15 dias para reforma -período no qual as sessões também serão suspensas.
“Acertou no rosto, bem aqui, do lado do olho”, afirma Dr. Bastos, como é conhecido na cidade, levando a mão ao olho esquerdo.
Segundo relatos, o presidente da Câmara conversava com uma comissão de manifestantes na sala de reuniões da casa, que fica no primeiro andar do prédio, quando um ovo arremessado da rua passou pela janela quebrada e atingiu o vereador.
“Fiquei muito chateado com a agressão, embora tenha vindo de fora”, afirmou o político, que disse ter sido agredido pela primeira vez exercendo um cargo público.
“Estava recebendo os manifestantes e conversando com um grupo de lideranças. Queria ouvi-los para saber quais eram as reivindicações, o queriam que nós ajudássemos.”
“[O ovo] veio de fora e me acertou coincidentemente. Não foi direcionado a mim. Me acertou porque eu estava conversando com os manifestantes de frente para a janela”, disse o presidente da Câmara.
“De qualquer forma, mandaram o ovo para acertar alguém. A gente fica chateado por esse tipo de conduta.”
Após receber os manifestantes, Dr. Bastos e todos os outros 12 vereadores assinaram um ofício e encaminharam ao prefeito de Itu, Antonio Tuize (PSD), pedindo que fosse decretado estado de calamidade pública devido à falta de água na cidade.
DANO AO PATRIMÔNIO
Foram registrados dois boletins de ocorrência, um por dano qualificado ao patrimônio público e outro pela agressão ao presidente da Câmara.
“A população tem de entender que a manifestação é bem-vinda. Mas não com violência. Não é o caminho”, diz Dr. Bastos.
Sete pessoas foram detidas pela PM, sendo três adolescentes, e todos foram liberados na noite de ontem, após prestarem depoimento.
Segundo o boletim de ocorrência, eles foram liberados porque “os policiais militares não presenciaram o fato e não têm como afirmar se os averiguados são realmente os responsáveis pelos atos de violência e danos ao patrimônio público.”