SÃO PAULO, SP – Expoente do panorama artístico pernambucano das décadas de 1940 e 1950, o artista plástico Abelardo da Hora morreu nesta terça-feira (23), aos 90 anos, em Recife.
Segundo confirmou a assessoria de imprensa do Hospital Memorial São José, o artista estava internado desde o dia 17 na UTI devido a uma pneumonia, e morreu de insuficiência respiratória. O velório acontece na Assembleia Legislativa de Pernambuco, e o enterro está marcado para às 11h da quarta-feira (24), no Cemitério de Santo Amaro.
Nascido em julho de 1924 em São Lourenço da Mata, em Pernambuco, Abelardo cursou faculdade de direito em Olinda e, mais tarde, a Escola de Belas Artes de Recife.
Na década de 1940, período em que fazia trabalhos de cerâmicas para o industrial Ricardo Brennand, participou da criação da Sociedade de Arte Moderna de Recife (SAMR), com o objetivo de fomentar um movimento cultural que abrangesse educação, artes plásticas, teatro e música.
A partir de então, influenciado pela obra de Candido Portinari (1903-1962), começou a produzir gravuras com temática social, além de esculturas expostas nas praças de Recife, representando tipos populares. Entra elas estão o Monumento ao Frevo, na rua da Aurora, e o Monumento aos Retirantes, exposto no Parque Dona Lindu.
Em 1952, o movimento deu origem ao Ateliê Coletivo, oficina com cursos de desenhos da qual participaram nomes como Gilvan Samico, José Cláudio e Aloísio Magalhães (1927-1982).
O secretário de Cultura de Pernambuco, Marcelo Canuto, e o presidente da Fundarpe, Severino Pessoa, lamentaram a morte do artista em um comunicado oficial.
“A cultura pernambucana, que de forma genial Abelardo sempre exaltou em suas esculturas, está de luto. Mas seguirá firme, inspirada pela vida e pela obra do mestre que deixa um exemplo de como o fazer artístico pode estar a serviço da construção de uma sociedade mais justa; sonho do qual nem as mais de 70 prisões políticas foram capazes de fazê-lo declinar”, diz o texto.