O INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) divulgou estudo recentemente sobre o aumento do número de trabalhadores afastados por causa da dependência de álcool e cocaína. Entre 2009 e 2013, houve um crescimento de mais de 50% nos índices de afastamento de trabalhadores e o maior crescimento foi entre os usuários de cocaína, com 84,6%.

Os números são alarmantes em sete estados brasileiros e no Distrito Federal: Pará, Amapá, Goiás, Ceará, Pernambuco, Paraíba, Mato Grosso.

De acordo com o INSS, no período, já foram gastos mais de R$ 206 milhões com o pagamento de auxílios-doença em todo o país. O valor varia de R$ 724 a pouco mais de R$ 4,3 mil, dependendo do salário.

Testes toxicológicos nas empresas

Muitas empresas estão usando testes toxicológicos para ter uma visão mais completa sobre os perfis de seus colaboradores. Com eles, é possível assegurar se as pessoas estão aptas a executar tarefas específicas, principalmente em cargos que trazem riscos.

Estes testes são geralmente feitos de forma aleatória ou randomizados. Um deles é feito com urina, que detecta a utilização de drogas nos últimos dias e, como tal, é uma evidência de utilização recente das mesmas, mas não necessariamente indica que a pessoa esteja sob efeito da droga ou medicação no momento em que executa suas funções.

O uso de saliva (fluido oral) é ideal nesses casos. A presença de drogas no fluido oral demonstra que a pessoa fez uso de drogas nas últimas 24 horas e tem grandes chances de ainda estar sob seus efeitos.

Testes de drogas em exames admissionais

Porém, para algumas empresas é importante saber se um candidato ao emprego não é um usuário regular de drogas, principalmente em cargos cuja atividade envolve riscos. Nestes casos, a análise em uma amostra de cabelo de três centímetros (período aproximado de três meses) é a ideal, visto que o candidato terá que se abster de drogas por três meses para que o teste seja negativo, ao contrário do teste de urina, no qual o candidato pode abster-se por apenas três dias.

Ou seja, é seguramente mais difícil para um usuário regular de drogas se abster por três meses do que apenas três dias para passar no teste. A maioria das empresas no entanto, ainda usa o teste em urina como um requisito para a obtenção de um emprego, porém o teste é praticamente inútil como admissional.

Existe uma percepção de que um teste de cabelo seja caro, no entanto, essa percepção é apenas aparente. Para um exame toxicológico cobrir três meses de uso, apenas uma amostra de cabelo é suficiente, mas cerca de 20 exames de urina seriam necessários para cobrir o mesmo período.

Para a utilização de testes de drogas no local de trabalho, torna-se necessário que a empresa tenha uma política clara, por escrito, que tenha sido discutida e acordada com todos os funcionários antes que eles sejam aplicados. Porém, uma das principais questões a serem abordadas são: o que fazer se o teste der positivo?, explica Cristina Pisaneschi, diretora da Chromatox e especialista em testes toxicológicos.

Cristina explica ainda que é necessário que as empresas fiquem de olho em sinais comuns e frequentes em pessoas envolvidas com álcool e outras drogas, independente de idade, classe econômica e social. São eles:

– queda de produtividade;

– acidentes de trabalho;

– faltas frequentes;

– relações familiares e sociais com problemas