ANDRÉIA SADI BRASÍLIA, DF – O doleiro Alberto Youssef decidiu fazer a delação premiada no âmbito da Operação Lava Jato, da Polícia Federal. A informação é de Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, advogado do doleiro no Superior Tribunal de Justiça. “É uma pena, temos uma tese jurídica que era importante no STJ”, diz o criminalista. Ele diz ter sido avisado que o doleiro tomou a decisão por pressão familiar e porque vários outros decidiram fazer a delação. O advogado deixará o caso.

Mesmo com o acordo da delação premiada, é provável que o doleiro tenha que, além de entregar todos os seus bens ilícitos, cumprir quatro anos de prisão em regime fechado e outros quatro em regime aberto. A exigência do cumprimento de uma pena mínima é da força-tarefa do Ministério Público Federal que atua na Operação Lava Jato.

Sem o acordo, Youssef, 46, poderia ficar mais de 20 anos no regime fechado. O rigor adicional que os procuradores têm com Youssef deve-se ao fato do doleiro já ter descumprido um acordo de delação que assinou em 2004, quando foi investigado por remessas ilegais que fez usando o Banestado, banco do governo do Paraná.

Youssef se comprometeu a deixar o mercado paralelo de dólares, mas, em vez disso, aumentou ainda mais o volume de seus negócios. Como desrespeitou a promessa, o processo do Banestado foi reaberto em maio deste ano pelo juiz federal Sergio Moro, responsável pela Operação Lava Jato, e Youssef foi condenado a quatro anos de prisão. A ação penal havia sido instaurada em 2003 e os crimes de Youssef, perdoados em 2004.

OPERAÇÃO LAVA JATO

O caso do Banestado antecede os crimes abrangidos pelas investigações da Operação Lava Jato. Youssef é acusado em cinco processos decorrentes da atual operação da PF –entre eles um envolvendo desvios em contratos da Petrobras. O doleiro está preso desde março, suspeito de ter remetido para fora do país, de forma fraudulenta, US$ 444,7 milhões entre julho de 2011 e março de 2013.

Segundo a Justiça, ele cometeu esse crime 3.649 vezes. Nesta terça-feira (16), Youssef negou envolvimento com transações financeiras vinculadas ao tráfico internacional de drogas. Ele é suspeito de ter realizado operação de câmbio de US$ 36 mil para importação de cocaína da Bolívia.