ROGÉRIO PAGNAN, THAIS BILENKY E NATÁLIA CANCIAN
SÃO PAULO, SP – O superintendente da Santa Casa de São Paulo, Irineu Massaia, divulgou uma nota nesta terça-feira (30) em que defende o Estado na polêmica dos repasses de verbas federais à instituição.
Em julho, o Ministério da Saúde acusou o governo do Estado de deixar de repassar R$ 74 milhões ao complexo, que chegou a ter o pronto-socorro fechado por 28 horas devido à crise financeira.
Nesta terça (30), Massaia divulgou nota afirmando que a Santa Casa recebeu todos os recursos aos quais tinha direito. O posicionamento contraria o atual provedor, Kalil Rocha Abdalla, que acusou o governo paulista de reter recursos. “O dinheiro não chegou”, disse ele em julho.
Segundo a nota, a auditoria realizada na unidade concluiu que todos os recursos federais destinados pelo governo federal para a instituição “foram integralmente repassados pelo governo do Estado”.
“Não houve, portanto, a suposta retenção de R$ 74 milhões entre janeiro de 2013 e maio de 2014”, completa.
A auditoria, encerrada nesta segunda-feira (29), foi realizada por uma comissão técnica formada por representantes da Secretaria de Estado da Saúde, Ministério da Saúde, Secretaria Municipal de Saúde e Conselho Estadual de Saúde.
Conforme a Folha de S.Paulo divulgou, relatório da comissão também mostra que a gestão Abdalla esgotou quase todos os recursos do hospital em cinco anos. Entre 2009 e 2013, o patrimônio líquido da entidade caiu de R$ 220 milhões para R$ 323 mil (ou 0,15% do valor).
Kalil Abdalla vem sendo procurado pela reportagem desde o dia 11 deste mês, mas ele não atende aos telefones nem responde aos recados.
‘IRRESPONSABILIDADE’
Para o secretário estadual de Saúde, David Uip, o governo federal cometeu “irresponsabilidade” ao declarar que São Paulo deixou de repassar verbas disponibilizadas pela União à Santa Casa.
“Os dados estão claros, inclusive auditados por todos os poderes. Continuo esperando retratação do Ministério da Saúde porque o Estado se sente ofendido”, afirmou.
O Ministério da Saúde ainda não comentou as novas declarações do superintendente.
“Pelos dados que temos de documentos oficiais, continuamos com a convicção de que os recursos não foram repassados”, disse nesta segunda-feira (30) à reportagem o secretário de atenção à saúde, Fausto Pereira dos Santos, em resposta ao governo paulista.
Santos diz que ainda não tem conhecimento do resultado da auditoria, mas nega ter havido consenso entre integrantes da comissão sobre os dados. Para ele, os dados foram divulgados previamente por motivação política. Alega que o tema seria discutido na quinta.