ANDRÉ UZÊDA
FORTALEZA, CE – O último debate entre os candidatos ao governo do Ceará foi marcado por “clima quente” e briga de partidários do PT e PMDB fora dos estúdios e temperatura morna entre os representantes das principais candidaturas. O debate ocorreu na noite desta terça-feira (30) na TV Verdes Mares, afiliada da Rede Globo no Estado.
Antes do início do debate, correligionários de Camilo Santana (PT) e Eunício Oliveira (PMDB) se enfrentaram na praça que dá acesso à TV. Usando os bastões que dão suporte às bandeiras, os dois grupos partiram para a violência até serem apartados pelos policiais que faziam a segurança no local. A polícia usou bombas de efeito moral e balas de borracha para dispersar a multidão. Uma militante do PMDB e um outro do PT passaram mal e precisaram ser atendidos por uma ambulância da Samu. Ninguém foi preso.
Na contramão do tom bélico do lado de fora, durante o debate os dois principais candidatos evitaram o confronto. Camilo e Eunício adotaram a mesma tática de dirigir perguntas aos candidatos nanicos Eliane Novais (PSB) e Aílton Lopes (PSOL). Um dos únicos momentos de confronto direto entre eles aconteceu ainda no primeiro bloco quando, a exemplo do último debate na TV Diário, o petista acusou seu adversário de estar usando a propaganda eleitoral para “atacar sua honra”.
“O senhor tenta confundir a população dizendo que estou envolvido no escândalo dos banheiros. Você mesmo sabe que não tenho nada a ver com isso. A própria Justiça eleitoral determinou que o senhor retirasse sua propaganda que me atacava do ar”, disse Camilo.
O petista fez referência a uma peça publicitária de Eunício que compara Camilo a Paulo Maluf (PP-SP), dizendo que ambos têm bens bloqueados pela Justiça. Na propaganda, o locutor lembra que Camilo foi secretário de Cidades do governo Cid Gomes (Pros) quando estourou um suposto esquema de corrupção na construção de banheiros públicos no interior do Ceará.
Nesta terça-feira (30), a Justiça Eleitoral proibiu a veiculação da propaganda de Eunício por considerar que “denigre a honra do candidato”.
Eunício rebateu dizendo que “não faz acusação nenhuma” e que ela parte do Ministério Público e do Tribunal de Contas do Estado. “São estes órgãos que determinaram que seus bens fossem bloqueados na Justiça”, disse, se referindo ao petista.
De acordo com o Ibope divulgada na semana passada, os dois candidatos estão tecnicamente empatados dentro da margem de erro da pesquisa. Eunício tem 43% das intenções de voto, ante 38% de Camilo. Como a margem de erro da pesquisa é de três pontos (para mais ou para menos), há uma situação de empate técnico entre os dois. Eliane tem 3% da preferência do eleitorado e Aílton Lopes soma 1%.
As perguntas mais espinhosa ficaram a cabo do candidato Aílton Lopes. A Eunício, o psolista questionou se o peemedebista tem interesse de investir na segurança para lucrar com ela. “O senhor é dono de várias empresas de segurança. E no seu programa fala em muitos investimentos na área. Uma coisa está ligada a outra?”.
Eunício respondeu afirmando que se tivesse interesse de lucrar continuaria apoiando o governo, que é o principal promotor da violência no Estado por “não saber tratar da questão”.
Ao candidato petista, Lopes questionou a licença tirada pelo governador Cid Gomes (Pros) para ajudar a campanha de Camilo durante a seca no Estado e as greves nas universidades públicas.
“Tenho orgulho de fazer parte do governo Cid Gomes, da presidente Dilma e do ex-presidente Lula. Esse esforço conjunto tem sido responsável por transformar os índices sociais do Ceará”, rebateu Camilo.
APOIOS
Apoiado pelo governador Cid Gomes e pelo seu irmão, ex-ministro Ciro Gomes (Pros), Camilo tem sido içado nas pesquisas pelo apoio dado pelos irmãos. Cid pediu licença do governo na última semana para se dedicar inteiramente à campanha eleitoral.
Eunício e os irmãos Gomes estiveram na mesma aliança até março deste ano. O rompimento se deu quando o peemdebista pediu a indicação da chapa governista para concorrer à sucessão de Cid –o que foi negado.
Para viabilizar sua candidatura, Eunício buscou o apoio do ex-governador Tasso Jereissati (PSDB), que estava afastado da política desde que havia sido derrotado na disputa ao Senado em 2010.
Mesmo tendo feito parte do governo até bem pouco tempo, com indicações no secretariado de governo, Eunício tem feito críticas pesadas à atual gestão. Entre suas principais críticas estão as áreas de segurança, saúde e a construção do Acquário Ceará –que custará R$ 261 milhões e terá o tamanho de quatro piscinas olímpicas.