ADRIANO BARCELOS RIO DE JANEIRO, RJ – No último debate, o da TV Globo, na noite de terça-feira (30), os ataques ao governador e candidato à reeleição Luiz Fernando Pezão (PMDB) o levaram a criticar os adversários que tentaram associá-lo ao ex-governador Sérgio Cabral (PMDB). Para Pezão, os rivais “perderam tempo” ao falar em Cabral porque o candidato “é ele”. “Pensava que era um só que tinha de deitar no divã, mas acho que tem mais. Eles têm um relacionamento com o Cabral aí que eles têm se cuidar e se tratar, e perderam tempo. O Cabral é o Cabral e eu sou eu. Quem vai governar sou eu”, afirmou. Pezão esteve sob pressão durante todo o debate. Tarcisio Motta (PSOL) repetiu pergunta que virou bordão dos protestos em 2013, “onde está o Amarildo?”, em referência ao pedreiro Amarildo de Souza, torturado e morto por policiais na Rocinha. Nesse momento, o governador foi flagrado pelas câmeras rindo. Perguntado sobre o riso, o candidato do PMDB afirmou: “Toda a plateia riu, da maneira como ele reforçou no final e fez a pergunta. Ele usou um modo de fazer a pergunta muito estranho. Sei como o assunto é sério e o quanto investigamos.” Marcelo Crivella (PRB), que adotou uma postura ofensiva, surpreendendo os rivais e especialmente Pezão, seguiu no ataque ao PMDB durante a entrevista coletiva posterior ao encontro. “O Rio precisa retomar a política com hombridade. É impressionante que, com dinheiro e marketing, o candidato líder é o anti-Cabral, mas é o Cabral. O eleitor tem que se conscientizar sobre isso”, afirmou. Ao responder sobre a postura da noite de terça, completamente diferente dos debates anteriores, Crivella brincou com os repórteres. “Tinha tomado Red Bull”, disse. Já o candidato do PSOL destacou que a resposta de Pezão, com riso, o deixou bastante irritado e que a cena pode aparecer, sim, em sua propaganda na reta final, mas não no sentido eleitoral. “O caso do Amarildo não é isolado, aquilo é método. Ele [Pezão] fala de câmeras que foram desligadas. Ele não responde, porque só pode responder pedindo desculpas. O governo demorou a agir. Vamos utilizar não pelo sentido eleitoral, mas no sentido político. É uma reação autoritária, o riso no rosto me incomodou bastante”, disse. Anthony Garotinho (PR), que teve uma participação mais tímida no debate, afirma que as regras do encontro da emissora o prejudicaram. “A regra do debate foi estabelecida pela emissora, e criou situação em que candidatos podiam criar dobradinhas entre si. Passei dois blocos assistindo. Aproveitei para apresentar minhas propostas”, afirmou. JOGANDO COM AS REGRAS Garotinho, que foi ultrapassado por Pezão nos últimos levantamentos, disse ainda acreditar na vitória. Nem mesmo ao índice de rejeição, de 40%, o mais alto dos candidatos, o assusta. “Rejeição todo mundo tem, principalmente quem tem posição. Sou um sobrevivente. Enfrentar 18 partidos, um candidato com quase nove minutos de TV, tendo apenas dois. No segundo turno, vou de um comercial por dia pra 15, de dois minutos para 10”, projetou Garotinho. Lindbergh Farias (PT) confessou que as regras do debate moldaram sua participação no encontro da TV Globo. “Se não faz isso [dobradinha com Crivella], aconteceria comigo o que aconteceu com Garotinho. Essa era a minha preocupação. Tem uma espécie de retribuição. Eu corria o risco de ficar de fora do debate. Tarcisio saiu muito bem, mas foi o mais perguntado. Não foi só Lindbergh e Crivella a dobradinha”, destacou. O candidato do PT disse ainda esperar pelos indecisos para conduzi-lo ao segundo turno e destacou que Pezão está garantido para a segunda rodada de votações. “A eleição foi tomada pelo medo do Garotinho. Pezão surfou com melhor estrutura partidária e mais tempo de TV. A campanha do Garotinho está derretendo e pela segunda vaga vai ter briga”, concluiu.