GISELE BARCELOS
UBERABA, MG – A Polícia Civil investiga um suposto caso de racismo cometido por um professor de uma escola estadual em Uberaba (MG). Ele pediu afastamento da função.
A denúncia foi feita por alunos do primeiro ano do ensino médio da escola Corina de Oliveira. Segundo eles, o professor de história, de 56 anos, disse não gostar de “pretos” e também insinuou que a maioria dos criminosos são negros.
A diretora da escola, Marilângela de Oliveira, registrou um boletim de ocorrência nesta segunda-feira (29) na delegacia de polícia após ser avisada pelos alunos e comunicou os pais. O inquérito foi instaurado nesta terça-feira (30).
Ela também ouviu o professor, que pediu o afastamento, concedido. Segundo Marilângela, o profissional negou as acusações, mas não quis apresentar defesa. A reportagem não conseguiu entrar em contato com o professor.
Após o fato, os alunos fizeram um protesto contra a postura do professor em frente à escola.
“Houve comoção geral dos alunos da sala e nenhum foi em defesa do professor. Então, há uma indicação forte de racismo. Foi uma postura muito grave”, disse a diretora da escola.
O professor foi contratado no início deste ano e, de acordo com Marilângela, nunca tinha demonstrado atos de racismo. “Este caso foi o primeiro problema”, disse.
A demissão do professor já foi formalizada e um edital será publicado nesta quarta-feira (1º) para selecionar o substituto.
INQUÉRITO
De acordo com o delegado Luiz Tortamano, os alunos e o professor serão intimados a depor ainda nesta semana.
Segundo o delegado, o professor poderá responder por crime de injúria racial qualificada. Se condenado, a pena pode chegar a três anos de prisão.
Além do processo criminal, o professor poderá responder a uma ação por dano moral. A medida está sendo discutida pelos pais dos estudantes.
Sinomar de Almeida, pai de uma das alunas, afirmou que conversa com as outras famílias e que acionou um advogado para entrarem com ação conjunta contra o professor.
“Minha filha tem 15 anos e ficou muito chateada porque o avô dela e o namorado são morenos. Estamos revoltados. É algo muito triste porque pode ensinar coisas ruins para as crianças”, disse.