RIO DE JANEIRO, RJ – A RioFilme, empresa municipal de distribuição de filmes, divulgou nesta quarta (1º) cinco linhas de financiamento que somam R$ 10,16 milhões, num momento em que acontece um debate no Festival do Rio sobre a gestão de recursos para o setor audiovisual feita pelos governos municipal e estadual.
Desde o início do festival, o movimento “Rio: Mais Cinema, Menos Cenário” tem reunido profissionais do setor para protestar em sessões. O grupo acusa a estatal de investir apenas em filmes que têm potencial lucrativo.
O estopim para os protestos foi o contingenciamento de verbas de editais para financiamento de filmes autorais.
A RioFilme tem hoje duas linhas de financiamento: investimento reembolsável, na qual adquire participação nas receitas de projetos que têm potencial de retorno comercial, e não reembolsável, para filmes a fundo perdido, mas que têm valor artístico.
Sérgio Sá Leitão, presidente da RioFilme e secretário municipal de cultura, explicou o contingenciamento. “Este ano foi difícil para a RioFilme. Enfrentamos uma dificuldade: houve contingenciamento orçamentário, porque o Brasil, ao contrário do que diz a propaganda, está em recessão”, afirmou.
Segundo Sá Leitão, os recursos para a linha reembolsável foram liberados com mais rapidez pela prefeitura, o que foge do controle da RioFilme.
O valor total do investimento nas cinco linhas anunciadas será de R$ 10,16 milhões. Desses, R$ 3 milhões irão para filmes que se encaixam na categoria reembolsável. O orçamento da RioFilme para 2014 é de R$ 42,36 milhões.
R$ 145 MILHÕES EM CINCO ANOS
Em sua apresentação, Sá Leitão relatou o histórico de sua gestão na RioFilme, que começou em 2009, frisando a revitalização pela qual a estatal passou nesse período. Segundo ele, em cinco anos houve mais investimento do que nos 16 anos anteriores. Entre 2009 e 2013 o valor total foi de R$ 145 milhões.
O secretário explicou a existência da linha reembolsável: no início de sua gestão, fez um “acordo de resultados” com a prefeitura, no qual a RioFilme se comprometeu a financiar filmes que tivessem resultado comercial.
Ao longo da apresentação foi clara a intenção do secretário de direcionar sua fala aos cerca de 20 membros do movimento que estavam presentes. “Opinião, cada um tem a sua, mas tenho visto informações erradas que geram opiniões equivocadas”, disse ele.
A cineasta Julia Murat, membro do movimento que se diz sem lideranças, declarou que comemora o fato dos editais terem sido lançados, mas diz considerá-los insuficientes. “A linha de curtas, por exemplo, oferece R$ 60 mil por projeto. Se você pagar salários de acordo com as exigências do sindicato, não se faz um filme por menos de R$ 90 mil. Isso já de cara demonstra uma falta de conversa com a produção de cinema”, disse.
Ela ressaltou que as reivindicações do movimento vão além do anúncio dos cinco editais.
“As principais ressalvas que a gente faz são mais amplas que o edital. Entre 2009 e 2014, 30% de todo o investimento foi para dez produtoras. As outras 147 gastaram 70%. Essa política de Estado está equivocada. A gente não pode manter essa concentração. Isso é dinheiro público”, afirmou.