No dia 16 de outubro o mundo comemora os 160 anos de Oscar Wilde. Em Paris, o hotel onde morreu em 30 de novembro de 1900, também participa das homenagens especiais.

Quando ele chegou ao hotel D’Alsácia, na rue des Beaux-Arts, o estabelecimento da rive gauche parisiense não tinha nada a ver com o que é hoje. Prova disso: o escritor dandy deve ter tido, como últimas palavras no leito de morte – onde está o papel de parede, que desapareceu – ou fui eu…

Como Shakespeare, Oscar Wilde foi o dramaturgo mais conhecido na terra. Mas na época em que chegou às margens do Sena, era apenas um vagabundo proscrito e miserável.

A origem do revés da sorte e da notoriedade, foram os anos de trabalho forçado que se seguiram ao processo escandaloso, originado pela guerra da questão homossexual, que o marques de Queensbury iniciou contra ele. O marques era pai do jovem amante de Wilde, Sir Alfred Douglas, o célebre Bosie.

Com o tempo, o hotel D’Alsace se transformou em L’Hôtel e agora foi revisitado por Jacques Garcia para a programação a partir de 4 de outubro, todos os sábados, até dezembro de 2014, do passeio Dans le pas d’Oscar Wilde.

O pai de Dorian Gray se hospedou por várias vezes na capital francesa, principalmente durante o ano de 1883. E um de seus amigos foi Victor Hugo, com quem manteve vários encontros.

A visitação seguindo os passos de Wilde é orientada por Dominique Vibrac, doutor em história e filosofia na Universi Sorbonne. Especialista em Oscar Wilde, Vibrac promete descobertas únicas, descrevendo encontros eletrizantes do homem que foi também um grande espirituoso. E sarcástico.

O roteiro passa do quai Malaquais até a igreja Saint-Roch, ou do Palais Royal e redondezas às ruas e edifícios que ainda guardam a lembrança de Wilde. O passeio tem duração de 1h30 e é seguido de um almoço no estrelado restaurante de L’Hôtel, assinado pelo chef Julien Montbabut.

Um prazer que Oscar Wilde não desprezaria, ele que escreveu A vida não passa de um mau quarto de hora composto de momentos especiais. O passeio custa 85 euros por pessoa, incluindo visita guiada na Paris do autor e o almoço no L’Hôtel. Veja em www.l-hôtel.com

Fotos: Dayse Regina Ferreira

Os pescadores de final de semana, também têm cabeça branca (Istambul)

CORAÇÃO GENEROSO
O snob romancista irlandês viveu nos anos 1880 em Paris e hoje está, mais do que nunca, na moda. Exposições e palestras vão lembrar seu aniversário de 160 anos. Para Wilde, a civilização é o amor à beleza. E a beleza é o que a burguesia considera feio. O que a burguesia acha bonito, não existe.

Eram frases de efeito, que deram espaço à globalização do escritor. Ainda hoje são lembradas, como A natureza imita a arte, A melhor maneira de acabar com uma tentação é sucumbir a ela, A base de uma casamento sólido é a incompreensão mútua. Ou ainda Deveriamos estar sempre enamorados. Por essa razão não se deve nunca casar.

Seguiu por toda vida seus próprios preceitos. Mas ninguém provoca sem resposta uma sociedade tradicional, como o foi a Inglaterra da rainha Victoria. Londres festejou Wilde até o momento em que percebeu que seus beijos eram mordidas. Peças de teatro, romances e contos sempre despertam o riso. Na maioria das vezes, um riso amarelado, encabulado e até indignado. E um dia, o sucesso de Oscar desapareceu, efeito dos escândalos. E Wilde teve que pagar caro por suas brincadeiras, deboches, seus triunfos e o brilho de sua vida, sempre ofuscante.

Processado por ser homossexual, foi preso em Reading e passou dois anos em trabalhos forçados. Socialmente o impacto foi muito negativo e dele nunca mais se recuperou. Mas nas artes, cresceu sempre e até a provação serviu para afirmar seu talento.

De profundi, carta escrita na prisão, e Ballade de la geôle de Reading, escrita na França após sua libertação, são duas obras entre as mais belas, embora sufocantes. Elas são, em parte, responsáveis pelo lugar que Wilde ocupa hoje em dia no coração popular, principalmente dos jovens.

Apaixonado por alguém que não valia a pena, viveu uma tragédia que revelou as profundezas de seu talento, sua elegância e até mesmo sua bondade. Conheceu o inferno, mas não o purgatório. Depois da morte, continuou em cartaz e as adaptações de sua obra para o cinema e a televisão se multiplicaram: O Retrato de Dorina Gray tem 12 versões; O Fantasma de Canterville – 10; L’Eventail de Lady Wintermere – 7 e uma comédia musical; O marido ideal foi filmado 3 vezes e o Crime de Lord Arthur acaba de ser publicado com outro título na França.


No antiquário do Gran Bazar, em Istambul, o dono é quase tão velho quanto os artigos que vende

Entre as peças teatrais, A importância de ser Ernesto(L’importance d’être constant) foi a mais representada no continente europeu e, com tradução de Jean Anouilh, foi transformada em filme, por duas vezes.

Como personagem, Oscar Wilde sempre esteve presente. Como nos seis volumes da obra de Gyles Branduth, onde é a figura principal, ou no romance de Jean Dutourd Mémoires de Mary Watson (1980) e nos três filmes baseados na sua vida, realizados entre 1960 e 2008, com destaque para o de Brian Gilbert, com Jude Law, Stephen Fry e Vanessa Redgrave (1997).

No facebook tem mais 600 mil amigos. Ou seja, um pouco menos do que o príncipe Harry (700 mil). E muito mais do que a rainha ou o duque de Cambridge. Com dizia –

O futuro pertence ao dandy. O reino dos preciosos é eminente.


DESTAQUE

DIA DOS IDOSOS – Hoje é o dia de Chico Buarque de Holanda, Caetano Veloso, Gilberto Gil. E Bethania. E Fernanda Montenegro. Uma data que já foi comemorada há anos por Cauby Peixoto , João Gilberto ou Angela Maria. E mais Bruce Springsteen, Caco Barcellos, David Bowie, Djavan, Jean Reno, José Mayer, Rod Stewart, Tony Ramos. Também George Clooney, o mais novo recém-casado da galeria. E casou com uma mulher linda, metade de sua idade e ainda por cima inteligente.

Os idosos, denominação que todos recebem ao completarem 60 anos, são muitos e estão em todos os campos de atividades – do lazer ao espiritual, do esporte às artes, do dia a dia ao universal contemporâneo. Tomie Ohtake, centenária artista nascida no Japão em 1913 e mais brasileira do que nunca, está aí para comprovar a afirmativa, fazendo sucesso a cada exposição de sua obra, a cada nova iniciativa.

Divulgação

Retrato de Oscar Wilde (1882) – The Gregor Collection NYC

No Turismo, não faltam os que já passaram dos oitenta. E são muitos: operadores, agentes de viagens, gerentes de hotéis ou chefs de cozinha. Pena que ainda no Brasil o mercado dos idosos para viagens de lazer – e até de estudos – ainda seja incipiente. Na Alemanha, há mais de 10 anos o setor profissional do Turismo vem lançando novos roteiros, novos programas, novos horários e novos sistemas de atendimento, visando oferecer o máximo de aproveitamento e conforto, com um mínimo de stress e dificuldades. Visando também os que têm dificuldade de locomoção, de qualquer idade, em qualquer etapa da vida, por qualquer motivo.

Refeições mais equilibradas, guias que possam ser desconectados quando deitam falação sem propósito, banheiros com chuveiros separados das banheiras (ah, os perigosos chuveiros dentro das banheiras…), tapetes antiderrapantes e barras de apoio no chuveiro, espelho móvel com duas faces, uma delas de aumento. São coisas tão simples de serem providenciadas e que resultam em pontos positivos para quem já passou dos cinquenta. Ou dos sessenta, como os nossos artistas, cantores, atores, profissionais do turismo ou simples mortais.

Como dizia um grande amigo: quero ficar bem velhinho…