TONI SCIARRETTA, ENVIADO ESPECIAL
RIO DE JANEIRO, RJ – Reguladores e dirigentes de entidades do mercado de capitais discutem nesta semana no Rio como fortalecer os agentes financeiros para financiar a recuperação da economia global nos próximos anos. O período, considerado crítico, será marcado pelo fim dos estímulos financeiros por parte do Federal Reserve (Banco central dos Estados Unidos).
Para Greg Medcraft, presidente do conselho da Iosco (entidade internacional das comissões de valores mobiliários), o aparato regulatório dos mercados está pronto para essa mudança, mas não se pode desprezar os efeitos que isso acarretará especialmente nos agentes mais fracos dos negócios, como fundos de pensão e investidores individuais.
“Nossa preocupação é identificar riscos emergentes que surjam nos negócios com derivativos, fora dos bancos tradicionais e nas negociações que envolvam diferentes países”, afirmou.
O presidente da CVM da Malásia, Ranjit Singh, coordenador do grupo de países emergentes da Iosco, destacou o peso que os países como o Brasil assumiram nos mercados globais.
Ele reconheceu que a Iosco tem procurado contemplar esses países, tanto que a agenda hoje dos reguladores internacionais coincide com com a do G-20, grupos dos países mais ricos junto com os emergentes, o fórum que assumiu a discussão regulatória no pós-crise de 2009.
Anfitrião do evento no Rio, Leonardo Pereira, presidente da CVM brasileira, relatou a série de iniciativas que a autarquia tomou nos últimos os anos para reforçar a supervisão dos mercados, especialmente em relação às investigações e processos administrativos. Afirmou que os maiores desafios são a ausência de procedimentos eletrônicos de investigação, o tempo dos processos e sanções desatualizadas que podem não ser suficientemente severas para evitar outros crimes no mercado.
“É imperativo que nossas atividades punitivas sejam consistentes, eficientes e que deem respostas rápidas. Isso irá ajudar os mercados a funcionarem bem e os investidores a se sentirem protegidos. Como resultado, o custo de capital para financiar o crescimento também será menor”, disse.