O celular, com o maior número de aplicativos, é o presente mais pedido pelas crianças, independente da idade. O argumento mais comum apresentado é de que todos tem um e, por isso, os pais sensibilizados acabam cedendo iludidos com a facilidade de que, com o celular, será mais fácil de comunicar com os filhos. A questão é saber se as crianças realmente precisam de um celular. 

Para a psicóloga de crianças e adolescentes Ceres Alves de Araujo, professora da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo, não dá para negar que o telefone móvel diminui a ansiedade vivida pela separação entre pais e filhos. Mas ela é bastante reticente sobre a necessidade que uma criança até os 10 anos realmente precise de um aparelho.

“Como regra geral, o celular é uma excelente babá eletrônica. Antes, a comunicação acabava quando os pais se afastavam de casa. Hoje, um pai pode avisar o filho que está atrasado para buscá-lo na escola, em vez de deixá-lo com aquela sensação de abandono. Da mesma forma, pode manter contato durante uma viagem de trabalho, por mais longa que ela seja”, afirma a especialista.

Ceres defende que o uso comunitário do aparelho. “Até os nove anos, o celular da criança pode ser comunitário, um aparelho extra que os pais têm para dar aos filhos quando saem. Só a partir dos dez ou 11 anos, pode-se pensar em um aparelho exclusivo”, diz Ceres.

A psicóloga Juliana Cunha, da Safernet, instituição que defende os direitos humanos na internet, acrescenta que, mais importante do que avaliar a idade da criança, é verificar se ela tem maturidade para lidar com o aparelho. “O celular tem muitas funcionalidades. Além de fazer contato telefônico, é um dispositivo móvel que dá acesso à internet, a aplicativos e a jogos eletrônicos”, fala.