Não se fala em outra coisa. São os números dos resultados das eleições em todos os veículos de comunicação. É a votação presidencial por Estado que ganha destaque em determinado veículo. Em outro, são os números dos governadores por Estado, e assim vai. Para a presidência, teremos o segundo turno entre a candidata do PT, Dilma Rousseff e Aécio Neves, do PSDB. A surpresa é que, ao contrário da campanha e das pesquisas, que apontavam um fim de polarização entre PT e PSDB, o resultado foi completamente inverso, e este é o sexto confronto direto entre os dois partidos.
Desde 2006 a distância percentual entre o primeiro candidato e o segundo não é tão apertada. Acredito que isso seja um sinal de que o brasileiro está pensando mais antes de escolher quem será o seu representante nas diversas esferas do poder público. O fato é que não faltam desafios para o próximo presidente do país. Há uma sensação entre a população, que vamos combinar que não é somente sensação, que os processos precisam mudar. Precisamos de uma reforma política, agrária, econômica, tributária, dentre outras. Para se ter uma ideia, o investimento em infraestrutura, que deveria ter aumentado, diminuiu. Em 2013, ano passado, um ano entes da Copa do Mundo, foi de R$ 14,8 bilhões. O número é 4,5% menor que em 2012.
Falando em rodovias, para dar conta da demanda, o país precisa de R$ 183,5 milhões em investimentos, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Deste total, apenas 13% foram contemplados com a primeira etapa do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Além disso, ainda segundo o estudo, 70% das obras do PAC ligadas às rodovias estão atrasadas. Ou seja, ainda temos muito o que evoluir.
E não é somente em infraestrutura de estradas que o país precisa de investimentos. Necessitamos de mais cuidado com saúde, segurança, educação, meio ambiente, sustentabilidade, geração de empregos, projetos sociais e acima de tudo, combater a corrupção. Diariamente vejo notícias de um novo escândalo envolvendo os mais diversos partidos políticos: mensalão, escândalo da Petrobras, obras superfaturadas, Operação Anaconda, dentre muitos outros nomes. Isso sem citar as CPI’s, criadas para investigar os corruptos. Ainda pior, todos eles estão lidando e aplicando, muitas vezes de forma errada, o nosso dinheiro, o dinheiro do povo. Quando se fala em transparência e ficha limpa, poucos se salvam.
A boa surpresa é que, ainda bem, vivemos em uma democracia e temos uma segunda chance para escolher. Não quero aqui fazer campanha para esse ou aquele candidato, mas sim faço apologia e discurso em prol do voto consciente. Devemos analisar o perfil dos candidatos, verificar quais são as propostas, ver o passado de cada um e, só então, tomar uma decisão e votar de maneira consciente.

Gilberto Cantú é Presidente do Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas do Paraná (Setcepar)